Conheça algumas das peças de teatro que se transformaram em produções inovadoras
No mundo do teatro, a inovação surge como uma força motriz que desafia convenções e abre novas fronteiras de expressão artística. A partir de narrativas envolventes, algumas peças de teatro inovadoras encantam o público, ao mesmo tempo em que provocam reflexões profundas e promovem diálogos. Neste post, listamos sete entre as peças teatrais que redefiniram os palcos, levando os espectadores a jornadas inesquecíveis e transformadoras:
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Vestido de Noiva (1943) – Nelson Rodrigues

Falar em Nelson Rodrigues é quase autoexplicativo. Contudo, em “Vestido de Noiva”, o autor conta a história de uma moça que é atropelada por um automóvel e revisita aspectos marcantes de sua vida enquanto é operada no hospital. Explorando temáticas transgressoras, a loucura, o incesto e a morte, se usa de uma linguagem crua, e explora três planos distintos em cena: o plano da realidade, o plano da alucinação e o plano da memória.
Volta ao Lar (1965) – Harold Pinter

No texto de Pinter, os arquétipos nas relações familiares com maestria. Na trama, uma família de operários ingleses precisa lidar com o retorno do filho Teddy, que foi estudar nos Estados Unidos, e sua esposa Ruth. A peça se inspira na parábola bíblica do filho pródigo. No entanto, o retorno do filho não é celebrado, pois traz consigo uma figura feminina que cria uma tensão sexual com o pai e os irmãos de Teddy, promovendo uma intensa reconfiguração do lar, dado à característica amoral de todos os personagens.
Seis Personagens à Procura de um Autor (1921) – Luigi Pirandello

A obra de Luigi Pirandello é uma das principais referências para o chamado metateatro, onde uma peça teatral se propõe a pensar em sua própria forma. No enredo, um ensaio é interrompido por seis personagens que foram rejeitados por seu criador e tentam persuadir o diretor a colocar suas vidas no espetáculo. Esse texto de 1921 deixa um legado importantíssimo para a filosofia do teatro.
Esperando Godot (1952) – Samuel Beckett

Na primeira e mais conhecida obra de Beckett, dois homens, Vladimir e Estragon esperam à beira de uma estrada por Godot, no entanto, não se sabe nada a respeito dele. Só se sabe que devem esperar, talvez, por nada. O longo diálogo dos dois é interrompido por Pozzo e Lucky, que os avisam que Godot não virá e devem seguir à espera por mais um dia. Eles ainda retornam mais um dia, porém Pozzo está cego e Lucky mudo. A peça é um dos marcos iniciais do teatro do absurdo, onde se evidenciam as incertezas, afastamentos e as situações desoladoras nas relações humanas.
For Colored Girls Who Have Considered Suicide / When The Rainbow is Enuf (1976) – Ntozake Shange

Essa peça teatral consiste em uma série de monólogos narrados em forma de poesia, e acompanhados por dança e música. O formato é tão inovador que a própria autora classificou sua obra como choreopoem, que pode ser traduzido como “poema coreografado”. Essa estrutura desafiou as convenções da Broadway não apenas pelo formato inédito, mas também por levar ao palco as angústias e alegrias das mulheres negras, incluindo temas bastante complexos como solidão, estupro, abandono e violência doméstica.
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Sortilégio (1957) – Abdias do Nascimento

O texto do grande dramaturgo brasileiro Abdias do Nascimento cria uma metáfora para a situação social do negro no Brasil. O personagem central é Emanuel, um advogado negro que rejeita sua própria cultura e sua religião por desejo de ascensão social. Apesar de amar a negra Ifigênia, casa-se com uma mulher branca, Margarida, atitude popularmente conhecida como palmitagem. De acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural, a genialidade da obra está no uso de meias palavras, sentidos figurados, dubiedade nas ações ao mesmo tempo em que insere nas cenas elementos litúrgicos dos quais o personagem quer se afastar. Uma obra prima do teatro brasileiro.
Psicose 4:48 (1999) – Sarah Kane

A última peça da dramaturga inglesa Sarah Kane é a mais radical entre as suas criações. Consagrada com a peça “Blasted”, a autora apresenta aqui uma narrativa densa, fragmentada, não-linear e, como sempre, polêmica. Além disso, a peça na realidade é um grito de socorro de Sarah, internada duas vezes em uma instituição psiquiátrica e que viria a se suicidar após algumas tentativas. O nome da peça, inclusive, faz referência à madrugada, período do dia no qual a maioria dos suicídios acontecem.
E então, gostaram da nossa seleção de sete peças teatrais que redefiniram os palcos? Vale destacar que essa lista não é definitiva e reflete a visão pessoal da colunista. Lembra de mais alguma? Deixe nos comentários.
Imagem Destacada: Domínio Público (Crédito: PxHere, CC0)
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