Eu sou um grande apreciador e usuário dos produtos da Apple, por décadas, e gostaria de compartilhar com vocês alguma coisas que eu aprendi a aplicar na minha carreira me espelhando no exemplo de modelo de negócio da Apple.
Como assim um modelo de negócio?
A Apple é um modelo de negócio fundamentado em marketing e na experiência que os usuários tem com o produto. Primeiramente, a empresa investe em se diferenciar dos demais concorrentes, isso começa na criação de um grande produto, que exige, estratégia, inspiração e inovação, e poucas marcas no mundo conseguiram inovar tanto quanto a Apple. Um dos primeiros pontos que eles se preocupam é em relação a performance, seus produtos possuem uma performance superior aos concorrentes do mercado, eles investem no tamanho desses e o espaço que eles irão ocupar. Mais do que isso, eles se preocupam com o design, as pessoas gostam de deixar os produtos a vista, esses produtos praticamente são objetos de decoração em qualquer ambiente, o design não se restringe somente ao produto em si, mas, também, no de uma bela caixa em que o produto vem cuidadosamente envolto. A chave está no produto que é excelente. Fazendo uso das próprias palavras de Steve Jobs:
“Não se trata de cultura pop, e não se trata de enganar as pessoas nem convencê-las de que querem algo que não necessitam. Averiguamos o que queremos. E creio que somos muito bons pensando no que as pessoas vão querer também. Isso é pelo que nos pagam. Nós só queremos fazer grandes produtos.”
Consegue identificar aqui algo que você precisa colocar em prática na sua carreira musical ou, na verdade, artística em geral e até mesmo na sua empresa? Quer você seja técnico de som, DJ, iluminador, professor de música, músico acompanhante, compositor ou até mesmo artista; sempre averigue o que as pessoas querem, o que elas realmente necessitam, é por isso que elas irão te pagar. A Apple vende experiências personalizadas, e o status que seus usuários adquirem ao comprarem os seus produtos, isso sem dúvida, faz com que quase qualquer produto no mercado de hoje, passe quase que despercebido se não tiver o logotipo da maçã.
A empresa conseguiu reinventar produtos que já existiam no mercado, um exemplo disto foi o computador e depois o iPod, já existiam tocadores de mp3 no mercado, mas, a Apple foi lá e aumentou substancialmente a capacidade de armazenamento de músicas. O primeiro iPod suportava até 1000 músicas, e logo virou mania entre os jovens. Quando você compra um produto da Apple, não só está comprando uma excelente peça de tecnologia moderna, mas, você também está levando toda uma experiência e uma ideologia no seu bolso.
“A Apple é diferente de todos os demais porque, para Steve Jobs, os consumidores da Apple não são consumidores, e sim, pessoas com sonhos, esperanças e ambições. E a Apple cria produtos para ajudar a essas pessoas a alcançar seus sonhos e metas.”
Então o foco principal da Apple é a experiência, o objetivo é criar um universo de sensações, experiências e valores adquiridos através da compra do produto. Analise o que você sente ao ser um usuário dos seus produtos, pense no que precisa melhorar e em que deve se focar. Quando você compra um computador da Apple, não compra só um computador no qual é capaz de fazer seus trabalhos, editar suas fotos e vídeos ou se conectar com seus amigos. Você está comprando a crença da Apple de que as pessoas com paixão podem mudar o mundo e melhorá-lo, esse é um dos principais motivos que fez grande parte da classe artística tornar-se usuária dos computadores da marca. Além do performance superior aos concorrentes, você faz parte de um geração de consumidores que podem realmente fazer diferença no mundo, ou pelo menos, fazer com que as pessoas parem para pensar.
Converta os consumidores em evangelistas, não só em clientes.
Uma das estratégias mais importantes da Apple, é conseguir que seja o consumidor quem recomende a marca para outras pessoas também consumirem. Assim, como outras marcas de culto como Harley Davidson (a grande empresa de motocicletas que vende uma subcultura, um estilo de vida, não apenas motos), os usuários da Apple são defensores, patrocinadores e fanáticos da marca. Desta forma, a Apple consegue fidelizar os seus consumidores da maneira mais rentável que é tornando-os fanáticos. Por outro lado, a Harley Davidson, se posicionou não somente com uma fábrica de motocicletas, eles conseguiram chegar muito mais longe, os próprios consumidores tatuam o logotipo da marca como símbolo de filiação. Você tem noção do tamanho poder que isso representa?! Consegue enxergar um paralelo disto dentro do universo da música? Fãs tatuam o nome dos seus artistas preferidos ou trechos de letras de música que eles gostam…
Você pode ter um produto excelente, mas, se não souber se comunicar com o seu público, é como sentar para assistir um filme em aramaico sem legenda.
Jobs fazia os melhores discursos de apresentação na história das corporações. Ele detestava apresentações em Power Point, pois ele acreditava que você precisa dominar o tema, a mensagem e saber apresenta-la sem ajudas visuais, mostrando muito mais do que um lindo gráfico criado com um elegante esquema de cores. Para grupos grandes, o Power Point até era usado, mas, Jobs detestava que usassem nas apresentações em reuniões, porque ele encarava como “sinal de que a pessoa não dominava completamente o assunto que ia expor.” As decisões da Apple sempre foram tomadas por um pequeno grupo, pois esse conhecia exatamente os objetivos da empresa, e ele confiava na sua equipe de trabalho, mas, deixava somente os mais aptos a tomarem as decisões.
Como você toma as decisões na sua banda?
De que lado você está?
Imagine nas batalhas travadas na mídia entre a “Pepsi” e a “Coca-Cola”.
A Apple deixa claro quem é o seu inimigo, e com isso, as pessoas tomam um lado, porque é parte do comportamento humano que foi introduzido como ideia graças aos psicólogos sociais franceses Gabriel Tarde e Gustave Le Bon. A “herd mentality”, ou mentalidade de massas, é o que ocorre quando se produz a consciência coletiva em um grupo de pessoas influenciadas, e que pressionadas, passam a adotar certos comportamentos, seguir modas e/ou comprar produtos. O desejo de filiação e de explicar a desordem do mundo, faz com que os consumidores se sintam melhor pertencendo à ideologia de uma marca que combine com seus valores e pensamentos. Se você não faz frente ao que crê, passará despercebido. O que é melhor, declarar em que acredita ou deixar mais do que claro no que não acredita?
Bill Gates, segundo Jobs, trouxe a Microsoft ao mercado e com ela o mal gosto. O inimigo número um da Apple, acredita na complexidade e um modo de pensar convencional, todos os aspectos que Jobs deixou mais do que claro quando declarou:
“O único problema com a Microsoft é que ela não tem gosto. Não tem gosto para absolutamente nada. E não me refiro em uma pequena medida, e sim, a uma grande medida, no sentido de que não pensam em ideias originais, e não levam muita cultura para os seus produtos”.
Por isso, os produtos Apple possuem um design primoroso e revolucionário, essa é a essência dos seus produtos, e por outro lado, não existe outro produto na concorrência que supere a simplicidade no design. Sem falar que todos os seus produtos tem a preocupação em ser de uso intuitivo, abraçando a máxima de que menos é mais.
Já foi mencionado aqui que a Apple não inventou o reprodutor de mp3, Smartphone, Tablets ou computadores, mas, seus produtos marcaram antes e depois dessa tecnologia, por mais que já tivessem sido apresentados no mercado pela concorrência. A marca melhorou a experiência do usuário, a navegabilidade, o peso, a embalagem, os canais de distribuição, conseguiu melhorar o design, tamanho, prestou atenção em muitos detalhes que a concorrência não tomou tempo em criar experiências significativas nos seus usuários.
Steve Jobs compreendeu que a chave do sucesso de um produto e de uma marca, está em mergulhar na experiência do usuário e detectar o que realmente precisa e o que deseja. O segredo foi sempre pensar de fora para dentro, oferecendo produtos e serviços que possam realmente satisfazer as necessidades dos consumidores. Ele acreditava que não se trata de apenas inovar mas, também pensar e sonhar grande, acreditar em algo e lutar por isso. Se você quer se destacar em um mercado altamente competitivo, deve se animar e arriscar-se sobre tudo, deve ser diferente, ou você será mais um na prateleira para ser adquirido pelo menor preço.
Por Claudio Girardi
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