No último domingo, “Game of Thrones” retornou para sua sétima e penúltima temporada. Como nos outros anos, o primeiro capítulo serviu como um guia para que o público relembre em que ponto a história parou. Isso não impediu que “Pedra do Dragão” tivesse momentos grandiosos.
Na cena pré-créditos, o já falecido Walder Frey dá um banquete para seus vassalos. O jantar, porém, não passa do brinde e todos caem mortos, envenenados. Claro que não se trata do verdadeiro Frey, mas de Arya Stark (Maisie Willians) disfarçada. A menina poupa a jovem viúva Frey e ainda lhe diz “se perguntarem o que houve, diga que o inverno chegou. E que o Norte se lembra.”
Recém-saída de sua temporada com os Homens Sem Rosto, Arya está comprometida na missão de vingar sua família. A cena em questão não só fez as pontas entre as temporadas – já que a menina terminou o sexto ano da série assassinando Walder Frey -, como deixou claro que a família nortenha cansou de fazer papel de vítima.
Após os créditos, temos uma primeira visão do exército de caminhantes brancos, que agora também conta com gigantes. Somos então levados para a Muralha, onde Bran (Isaac Hempstead Wright) e Meera (Ellie Kendrick) são recepcionados por Ed Doloroso – agora Lorde Comandante. O patrulheiro demora a crer que o garoto seja irmão de Jon. Mas depois que Bran lhe revela informações que só o próprio Ed sabe, a dupla de recém-chegados é levada para dentro. Talvez esse seja um momento de mais preocupação do que alegria já que, de acordo com uma das teorias elaboradas pelos fãs, a presença de Bran na Muralha pode ser fatal para a proteção de Westeros.
Depois disso, descemos só mais um pouco no mapa e chegamos em Winterfell. Jon Snow (Kit Harrington) e Sansa (Sophie Turner) realizam mais um conselho de guerra com as outras casas nortenhas. Num determinado momento, discutem se os castelos das casas aliadas aos Bolton na Batalha dos Bastardos devem ser repassados para famílias aliadas aos Stark no confronto. Jon é contra, mas Sansa o questiona abertamente sobre isso – para alegria de Mindinho (Aidan Gillen) – que participa da cena. A decisão do bastardo não muda. Em frente a todos, ele perdoa os descendentes das casas traidoras e estes, aliviados, juram lealdade aos Stark.
É interessante perceber que Jon fez o caminho contrário de Robb. O primogênito Stark não perdoou os patriarcas das casas em questão, em outras temporadas – o que resultou na aliança com os Bolton. Ainda é cedo para dizer se foi uma escolha sábia. Mas fica claro que Jon acredita na união do Norte como principal forma de deter os Caminhantes Brancos.
Em seguida, Jon e Sansa discutem o que acabou de acontecer. Ele obviamente não gostou de ser questionado em público pela irmã. Sansa insiste que ele foi feito para comandar, mas que precisa ser mais inteligente que o pai – Ned – e Robb, ou vai ter o mesmo destino deles. Fica claro que as intenções da moça não são de conflito. Ao contrário do que Mindinho gostaria, ela levou a sério o que Jon lhe disse no final da sexta temporada – eles precisam ficar juntos, pois já terão guerras para travar com outros. O ex-patrulheiro, porém, consegue ser tão cabeça-dura quanto Ned fora, e isso pode estremecer a relação dos dois.
A conversa é interrompida pela chegada de um corvo de King’s Landing. Cersei (Lena Headey), auto-proclamada rainha, exige que Jon pare de bancar o Rei do Norte e vá vê-la na corte. O episódio então migra para a Corte, onde Cersei observa um mapa recém-pintado de seus domínios. A pintura, porém, é mais um lembrete de todos os inimigos que acumulou, como ela explica para Jaime (Nikolaj Coster-Waldau). A situação realmente não é favorável. Dorne e Jardim de Cima estão com Daenerys e os Greyjoy. Jon e Sansa controlam o Norte. O massacre na casa Frey também é mais um sinal de inimigos à espreita.
A rainha não se abala. Está disposta a tudo para criar uma dinastia que durará mil anos. Numa incrível inversão de papéis, Jaime a questiona sobre Tomen e sobre a utilidade de uma dinastia, quando os dois são os únicos da família que sobraram.
Cersei é uma das personagens mais consistentes da série, não só pelo trabalho maravilhoso de Headey, mas pelo modo como sua identidade foi preservada durante as sete temporadas. Agora que perdeu os filhos – a única coisa que realmente amava no mundo, é mais do que natural que se jogue de cabeça nessa guerra. Sempre submissa aos homens em sua vida, ela não vai abrir mão do poder que enfim adquiriu tão fácil.
Jaime, por outro lado, ficou estagnado nas últimas temporadas, mas demonstrou na conversa sinais do amadurecimento adquirido ao longo da série. O fato do cavaleiro insistir em falar dos filhos mortos é extremamente relevante, e comprova isso.
Cersei, porém, ouve o irmão quando ele lhe diz que precisam de aliados, e convida Euron Greyjoy (Pilou Asbæk) para uma conversa. O monarca “oficial” das Ilhas do Ferro quer unir forças, e propõe uma aliança pelo casamento. Cersei recusa, alegando não poder confiar em um sujeito que matou o próprio irmão e não sabe fazer muito mais do que pilhar e saquear. Então, Euron lhe promete retornar a King’s Landing com o presente de noivado ideal.
Qual será esse presente? Tyrion? Um dragão? A cabeça de um inimigo de Cersei, como as Serpentes de Areia? Ou até mesmo um item ignorado na série e presente nos livros, como o Berrante de Joramun? E seria este o presente que ela retorna no terceiro episódio?
Na Cidadela, a vida de Sam Tarly (John Bradley) não é tudo que ele esperava. Como aprendiz, sobram penicos para serem esvaziados e falta tempo para estudo. O aprendiz descobre uma sessão privada na biblioteca dos meistres, e recorre a um dos professores para ter acesso aos livros. Embora acredite que Sam está certo sobre os Caminhantes Brancos, o meistre em questão não o ajuda.
Sam rouba as chaves para a área restrita e leva alguns livros para casa. Entre eles, está um exemplar das lendas sobre a Longa Noite, que Gilly (Hannah Murray) se põe a ler. O furto dá certo: Sam relembra por um dos livros que Pedra do Dragão tem uma grande reserva de Vidro de Dragão – única coisa capaz de matar os Outros. Ele trata de escrever para Jon.
Os fãs devem ter pulado do sofá com a cena. A descoberta da reserva só reforça que Jon provavelmente irá se aliar a Daenerys. O livro que Gilly escolhe põe de volta na série o Azor Ahai, uma das grandes expectativas para esta temporada. E estranho que Sam tenha “se esquecido” sobre a reserva de Vidro de Dragão, um detalhe muito importante, e precisou do livro para lembrar. Mas o detalhe não atrapalhou a cena.
Depois de deixar As Gêmeas, Arya dá de cara com um grupo de soldados Lannisters, enviados para averiguar a situação dos Frey. Contrariando o padrão visto até agora, são gentis e ainda dividem sua refeição com a menina. Arya parece se comover com o grupo de rapazes longe de casa, mas não o suficiente. Ao ser questionada, ela responde que vai para King’s Landing matar a rainha. Como esperado, os soldados riem de sua resposta.
A ansiada reunião dos Stark ainda vai demorar pelo visto. A caçula quer cumprir sua vingança antes de voltar para casa.
Enquanto isso, Sandor Clegane, o Cão de Caça (Rory McCann), segue seu caminho ao lado de Beric Donderrion (Richard Dormer) e Thoros de Myr (Paul Kaye), da Irmandade Sem Bandeiras. O grupo enfrenta uma nevasca, decidindo parar em uma casa abandonada à beira da estrada. Sandor reconhece o local e é contra, mas seus protestos são ignorados.
A casa em questão foi um dos lugares por onde Clegane e Arya passaram em outra temporada. Na ocasião, o Cão se aproveitou da boa-vontade de seus moradores – um camponês e sua filha – e ainda roubou seu cavalo. Quando Arya protestou, o cavaleiro respondeu: “eles estarão mortos no inverno”. A frase se cumpriu: quando entram na casa, o grupo se depara com os cadáveres do pai e da menina.
Enquanto tentam suportar o frio, Beric e Thoros fazem Sandor enfrentar seu maior medo: fogo. Diante das provocações usuais do Cão, os fiéis do Senhor da Luz insistem que ele olhe dentro das chamas. Para surpresa geral, Sandor enxerga os Caminhantes Brancos se movendo. Parece que o Senhor da Luz também manda mensagens para os céticos. Mais tarde, Thoros acorda no meio da madrugada com o Cão enterrando os cadáveres dos camponeses. Do seu próprio jeito, Clegane os sepulta com a ajuda do sacerdote.
O Cão de Caça foi dado como morto durante muito tempo, mas seu retorno foi uma excelente escolha narrativa. Não só por motivos que envolvem o Clegane Bowl, mas por se tratar de um grande personagem, que evoluiu e desenvolveu suas nuances muito bem durante as temporadas. Rory McCann continua sendo capaz de arrancar reações completamente opostas do público – de risadas, reprovação e até pena.
De volta a Winterfell, Brienne (Gwendoline Christie) treina combate com Podric, enquanto é observado por Sansa. Mindinho logo tenta se aproximar da moça, mas é dispensado sem pudores. Brienne, exercendo seu papel de guarda-costas, se junta aos dois e Mindinho enfim deixa a cena. A cavaleira questiona Sansa sobre a permanência dele em Winterfell e suas intenções. A garota afirma que as conhece muito bem – o que é verdade, já que ele revelou no fim do sexto ano que quer o Trono de Ferro, e com a moça ao seu lado.
Sansa já disse a Jon que só um tolo confiaria em Mindinho. A garota, porém, viveu em King’s Landing tempo o bastante para saber que não pode dispensá-lo definitivamente – principalmente depois do socorro dado na Batalha dos Bastardos.
De volta a Cidadela, Sam mantém sua rotina de limpeza e servidão. Quando vai recolher as tigelas de uma cela trancada, é surpreendido por um braço contaminado por escamagris, que se põe para fora da porta. O dono do braço pergunta se Daenerys já chegou em Westeros. Sam, assustado, apenas balbucia que não sabe.
O novo personagem não tem seu rosto relevado, mas para bom entendedor, meia-palavra basta: Sor Jorah está vivo!!! E com a escamagris cada vez pior. O ex-conselheiro da Mãe dos Dragões deve ter ido até a Cidadela em busca de uma cura para a doença, como prometera a Daenerys. A cena já rendeu diversas especulações dos fãs, inclusive uma hipótese de que o Vidro de Dragão, pesquisado por Sam, possa curar a escamagris.
Depois dessa surpresa, chegou a hora de Daenerys de fato dar as caras. Cumprindo com a previsão feita por Cersei no início do capítulo, Dany (Emilia Clarke) e sua comitiva desembarcam em Pedra do Dragão. Sem receios, o grupo toma o castelo – abandonado desde a morte de seu antigo governante, Stannis Baratheon.
O episódio termina com Dany e seu Mão, Tyrion (Peter Dinklage), ao redor da mesa – vista na segunda temporada – que emula o mapa de Westeros. “Vamos começar?” Ela pergunta, antes dos créditos finais surgirem. Como foi dito em um post anterior, a chegada de Daenerys em Pedra do Dragão é extremamente simbólica, é fundamental para a Targaryen, pois não só a localiza em Westeros, como a permite retomar parte do que foi tirado de sua família. Toda essa sequência foi capaz de emocionar até quem não é fã da moça.
Assim como na sexta temporada, “Game of Thrones” começa seu sétimo ano firme em seus objetivos. As intrigas palacianas permanentes, mas os tempos exigem decisões rápidas. As primeiras cenas da temporada levantam várias questões.
O primeiro episódio manteve o padrão de temporadas passadas, ao mapear e reinserir o público em Westeros. Mas como a reta final se aproxima, já estabeleceu as principais intrigas e questões. Nenhuma cena pareceu sobrar no resultado final. Todas tiveram seu propósito bem-definido.
“Game of Thrones” está de volta, sem perder a emoção de sempre.
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