Em toda edição, a produção do Rock In Rio testa algumas novidades, mesmo que a fórmula que sustenta o festival seja a mesma já há algum tempo. Mas, tanto as novidades quanto as coisas que já são consolidadas podem dar muito certo, dar errado ou quase dar certo. Finalizada mais uma edição, confira o meu balanço final sobre a experiência como um todo, da perspectiva do público:
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O que deu certo no Rock In Rio 2022

Banheiros e Pontos de Hidratação
Já em 2019, os banheiros da Cidade do Rock tinham uma indicação de lotação. Que bom que continuou assim! Bem equipados e limpos, o espaço para lavar as mãos foi otimizado e ajudou ainda mais a circulação das pessoas nos corredores. Embora eu tenha ouvido, principalmente das meninas, que faltou espelho e uma cobertura nos corredores pra proteger do sol/chuva, acho que isso foi até bom, pois reduz o tempo que as pessoas ficam lá dentro.
Nos dias mais quentes, tivemos algumas filas nos pontos de hidratação, o que é perfeitamente normal quando se tem mais de 100 mil pessoas circulando por dia. Mas mesmo assim deu para se refrescar e poupar a grana que seria gasta com água mineral.
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Line-up do Palco Sunset
Posso afirmar com toda certeza que foi uma das melhores edições do Rock in Rio quando falamos em Palco Sunset. Desde que a produção assumiu que as colaborações entre os artistas nem sempre são uma boa ideia e passou a ter shows solo, a coisa melhorou bastante. Assim, quem estava afim de fazer um grande show em colaboração com alguém fez e quem não estava fez o seu e todo mundo sai feliz.
Dos que eu pude acompanhar ao vivo, foram incríveis os shows de Living Colour e Steve Vai e Maria Rita. 1985: a homenagem e Avril Lavigne também valem destaque. Este último, se junta a outros shows que arrastaram multidões e que pude acompanhar pela TV como Glória Groove, Racionais, Jessie J e Ludmilla. Esses artistas fizeram shows tão grandes na qualidade que poderiam estar tranquilamente no Palco Mundo.
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Line-up do Palco Supernova
O Palco Supernova é destinado aos artistas novos e emergentes. Porém, esse ano a produção decidiu escalar também alguns artistas já consagrados ou muito populares no momento, o que foi muito bom para promover o palco e atrair um público maior. No primeiro dia de festival, Ratos de Porão e Matanza Ritual fizeram grandes shows. Outros shows bastante elogiados foram os de Francisco El Hombre (que já tocou no Sunset em 2019), Cone Crew Diretoria, Supercombo e Mc Poze do Rodo & Bielzin. Este último gerou um tumulto, que falarei mais adiante.
Atrações e Ativações
É quase impossível não associar o Rock in Rio às imagens da Roda Gigante e da Tirolesa. Pra quem gosta de emoções fortes, também voltaram a Montanha Russa, o Megadrop, o paredão de escalada da Prudential. A novidade ficou com o Discovery da Americanas.com.
Mas se você, assim como eu, curte uma coisa mais calma, o Carrossel do Itaú é a grande e boa novidade. A NAVE também voltou com uma proposta bacana de valorização da cultura amazônica. Na saída tinha distribuição de brindes da Natura. Outra boa novidade foi a apresentação artística Uirapuru, novidade no festival. Teve também uma ativação para promover o festival The Town, que acontecerá em São Paulo ano que vem.
Os disputados brindes foram muito melhores esse ano. Alguns estandes foram muito além dos tradicionais bottons e viseiras para coisas muito mais interessantes, como mini ring lights para celular, descontos, toalhas ecológicas, etc. Mas quem superou e muito as expectativas foi a ativação do Ifood que distribuiu desde meias até vouchers para consumir no app e no festival. Alguns felizardos ganharam até um passe para área VIP. Enfim, amei tudo!
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O que quase deu certo no Rock In Rio 2022

Rock Express
Essa ano a produção em conjunto com a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu por um novo esquema de transporte. Ônibus regulares saiam do Jardim Oceânico e do Terminal Alvorada pela calha do BRT. O esquema foi prático por fazer integração com o metrô e com os próprios BRTs.
A promessa era boa e foi satisfatória em parte, principalmente por não lotar o já lotado transporte público da cidade e com isso não interferir no dia a dia de quem não está indo ao festival. Porém, no primeiro fim de semana, a espera para embarque foi muito grande, cheguei a ficar 35 minutos esperando para embarcar na primeira sexta-feira do evento. Além disso, com o encerramento das atividades do BRT à meia-noite aos finais de semana e não ter qualquer integração com a Supervia para funcionamento 24h dos trens, boa parte do público não foi atendido por esse sistema.
Ingresso e Rock Express no Celular
Esse ano, as amadas pulseiras do festival deram lugar a um ingresso digital com QR code no celular. A passagem do Rock Express também foi assim. Isso tem seu lado positivo, principalmente em relação à prática de cambismo e para reduzir o lixo. Não foi difícil ver pessoas desesperadas sem conseguir vender os ingressos que compraram a mais na intenção de lucrar. Quem vai confiar que um estranho vai de fato transferir os ingressos?
Mas os elogios param por aí. Numa metrópole com altos índices de violência, como o Rio de Janeiro, ficar com o celular na mão em uma plataforma de transporte não é nada seguro. Pior ainda é ter que mostrar o celular toda hora, nas diversas conferências até de fato chegar à entrada do evento. Queremos nossas pulseiras de volta!
Ordem das apresentações no Palco Mundo
Em festivais, geralmente os artistas são escalados em ordem crescente de popularidade ou de grandiosidade, digamos assim. No Rock in Rio, a coisa é um pouco diferente, já que segue a fórmula de sempre colocar artistas brasileiros abrindo o Palco Mundo, mesmo que já sejam muito consagrados.
Os dias mais coesos nesse ponto foram os dias 03, 04, 08 e 09, onde todos os shows se encaixaram direitinho numa sequência. Mas no dia do metal, artistas e público sofreram com a ordem das apresentações. Foi difícil para Gojira empolgar a galera após o show cheio de significado do Sepultura. O mesmo aconteceu com o prog metal do Dream Theater após a apresentação energética do Iron Maiden. No dia 11, último dia do festival, foi estranho ver a potência de Ivete Sangalo tão cedo. Seria o show perfeito para passar a bola para Dua Lipa.
O que deu errado no Rock In Rio 2022

Problemas técnicos em vários shows
Em um festival com a grandeza do Rock in Rio, problemas técnicos podem atrapalhar muito a experiência musical do público. Sabemos que eles podem acontecer, mas esse ano as falhas foram muito frequentes, principalmente no primeiro fim de semana.
Durante o show do Iron Maiden, pude conversar tranquilamente com meus amigos mesmo bem próxima às caixas de som. Péssimo para um show de metal. No mesmo dia, foi sofrido também acompanhar Living Colour & Steve Vai no Palco Sunset. No dia 9, Avril Lavigne foi quem sofreu com diversos problemas técnicos e também o baixo volume do som.
Relatos de amigos incluem problemas nos shows de Guns N’ Roses, Luísa Sonza, Papatinho, Emicida e DJ Marshmello. O festival terceiriza a culpa para os técnicos de som dos artistas, mas no fundo, a responsabilidade é dividida já que as reclamações do público chegam aos organizadores, como não poderia deixar de ser.
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Pagamento de comida e bebida (principalmente cerveja)
É impressionante como após tantas edições o Rock in Rio ainda não pensou em um sistema de pagamento unificado para consumo dentro do festival. Um cartão ou uma pulseira com créditos que podem ser recarregados seria a solução perfeita para eliminar filas e agilizar os pedidos. Esse método já é realidade em vários eventos pelo Brasil.
Esse método descentralizado de pagamento impacta, principalmente, quem consome cerveja. Para consumir a bebida, você precisava retirar a bebida no mesmo bar que adquiriu o ticket. Isso fez com que os bares próximos aos palcos sempre tivessem filas longas. Para piorar, os ambulantes que vendem bebidas só aceitam dinheiro, o que não é nada prático. A gente precisa adivinhar o quanto levar para consumir com eles e ainda tem o velho problema do troco. De vez em quando aparecia um abençoado ou abençoada que aceitava Pix. Precisamos avisar a organização que já estamos no século XXI.
Problemas de Segurança dentro da Cidade do Rock
No meu primeiro dia de festival, que foi justamente o dia de abertura, achei a revista das bolsas muito rápida e superficial. Mas relevei, pois acreditei que fosse um problema que seria ajustado ao longo do evento. Mas quando retornei nos dias 9 e 10 foi a mesma coisa. Resultado: relatos de furtos com uso de facas e canivetes, e deu pra ver pessoas com sinalizadores no meio da multidão em mais de uma ocasião, mesmo com o item fazendo parte da lista de proibidos. Além disso, como os celulares continham os ingressos e as passagens de transporte, as pessoas ficavam muito expostas ao risco, como já disse anteriormente. Segurança é fundamental.
Espaço para o Palco Supernova
Como já disse antes, o Palco Supernova recebeu alguns nomes de peso e muito populares. Contudo, o espaço não foi pensado para a alta procura do público. No show do Ratos de Porão, o bar não deu conta de vender para tanta gente, gerando muitas filas. Já os shows de Mc Poze do Rodo e Teto atraíram tanta gente que rolaram algumas brigas e empurrões. Além disso, como apenas uma escada leva ao palco, quem queria subir não conseguia e com isso bloqueava a passagem de quem queria descer.
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Planejamento operacional da cidade
Essa não é culpa inteiramente da organização, que fique bem claro. Mais uma vez, o planejamento operacional não foi satisfatório. Nos dias úteis, o trânsito deu um nó na cidade. No primeiro dia do evento, o congestionamento foi de 165km, mesmo com ponto facultativo no serviço público municipal. Sabemos que isso tem várias razões, mas vamos apontar aqui duas delas.
A primeira, com toda certeza, foi o custo dos transportes e a falta de opções para quem vem de longe, principalmente da Baixada Fluminense. A conta não é difícil: um grupo de 4 amigos vai pagar 22,00 cada um pelo Rock Express (ou 125,00 pelo Primeira Classe) ou vai pegar um Uber na porta de casa e dividir o valor? Dependendo da distância pode ficar mais barato. A falta de integração com os trens e o BRT na madrugada também contribuiu para a procura por táxis e Uber. Só quem tem acesso ao metrô se deu bem nessa.
Senti falta também de um incentivo da Prefeitura do Rio junto às empresas e as instituições públicas para priorizarem o trabalho remoto quando possível. Isso ajudaria muito a circulação na cidade. Acredito que tanto quem foi ao festival quanto quem precisava trabalhar ficaria feliz e sem estresse. Depois de 2 anos de pandemia, o home office já é uma realidade para muitas profissões.
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Por fim, o Rock in Rio 2022 foi maravilhoso e a intenção dessa matéria é colaborar para que ele fique melhor ainda. Já estou com saudade! Teve alguma coisa que você gostou muito ou acha que pode melhorar? Deixe um comentário!
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Colocações perfeitas. Eu só fui no dia 09 e senti muito a desorganização do evento. Esse foi o meu 6ºRiR, e de todos, esse foi oq eu mais passei perrengue. Pra chegar, pra ir embora (com Ubers com preço de 70 reais sendo que eu moro praticamente do lado do evento e o valor geralmente é 15 reais), pra me alimentar. Porém, algo que funcionou muito bem (apesar de uma espera de 30 min) foi o posto médico. Fui super bem atendida.