Na última terça-feira estreou na TV Globo a série “Sob Pressão”. A trama retrata a rotina de um hospital público no Rio de Janeiro, a precariedade da saúde pública e como médicos enfrentam dificuldades nos atendimentos por causa disso. Logo no primeiro episódio é possível perceber que cada dia é um novo desafio, pois são casos de emergência, corredores lotados, materiais em falta, e ainda a pressão dos médicos de salvarem vidas a cada minuto. O nome condiz exatamente com o que a série mostra.
“Sob Pressão” é baseado no filme de mesmo título de 2016. No longa é retratado um dia da rotina dos médicos e da administração, no qual três pessoas são baleadas num tiroteio e o Dr. Evandro (Júlio Andrade), chefe da cirurgia, precisa decidir quem é prioridade no atendimento: um policial, um traficante ou uma criança. E o filme é inspirado no livro homônimo nome escrito pelo médico Márcio Maranhão. Assim como o filme, a série procura mostrar a adrenalina que é o cenário da história. Mas o diferencial, que num longa não é possível pelo tempo limitado, será explorar a vida pessoal dos médicos, mostrar suas histórias e como a rotina da profissão os abala emocionalmente.
No elenco principal estão também Marjorie Estiano e Stepan Nercessian, que compunham o elenco do filme, além de Bruno Garcia e Orã Figueiredo. A série é uma grande aposta da TV Globo em parceria com a produtora Conspiração e vai inovar no conceito de séries que abordam a medicina. Afinal, existem muitos programas que tratam esse tema, mas nenhum deles se iguala a realidade dos hospitais públicos do Brasil. Desde que séries começaram a ser feitas o tema medicina é bastante recorrente, alguns bem parecidos na abordagem, outros se diferenciando de alguma forma. Listamos quatro séries médicas que você deve assistir por serem tão únicos.
E.R. – Plantão Médico

A série estreou em 1994 e teve 15 temporadas, a mais longa até então, e bateu recordes de indicações ao Emmy até o ano em que terminou, 2009. “E.R.” foi criada por um escritor e médico, e mostrava o cotidiano de médicos e enfermeiras que trabalhavam na emergência do County General Hospital, um hospital fictício de Chicago. Além da correria de uma emergência e dos diversos casos da medicina, os fãs acompanhavam a vida dos personagens que compunham o elenco de cada temporada, afinal, o elenco não foi o mesmo durante 15 anos.
Na primeira temporada o ator principal da série era Anthony Edwars, Dr. Mark Green e os telespectadores acompanharam sua história até o fim de sua vida na série, na oitava temporada. Ele se divorciou e passou a ter menos contato com a filha que ainda era criança, foi processado por um paciente, teve algumas namoradas, foi agredido gravemente no hospital, perdeu a mãe, passou a cuidar do pai com quem nunca teve uma boa relação, descobriu que tinha câncer, casou, se tornou pai novamente, teve alguns problemas com a filha mais velha e morreu de câncer numa cena belíssima que fez todo mundo chorar. O personagem foi tão marcante que a produção e os roteiristas da série deram um jeito para que Dr. Green aparecesse na última temporada. Claro que esse não foi o único personagem marcante da série, mas é um dos muitos exemplos.
“E.R.” quis mostrar o tempo todo que médicos e enfermeiros não são perfeitos, eles vivem e morrem, eles podem ser maravilhosos ou odiáveis, se submetem a regras e muitas vezes vão contra seus princípios, mas mesmo assim fazem de tudo para salvarem vidas. Humanizar os profissionais de um hospital era algo inédito em 1994, abriu muitas portas para produções equivalentes nos anos seguintes, até os dias de hoje.
House Nesse seriado a abordagem da medicina já é um pouco diferente, pois mostra a rotina de um hospital, mas focando no brilhantismo um tanto incomum do chefe da equipe de infectologia do fictício hospital Princeton-Plainsboro Teaching Hospital, Dr. Gregory House (Hugh Laurie).
Foram oito temporadas, de 2004 a 2012, acompanhando a rotina desse médico caricato que todo paciente já conheceu um dia. Como pessoa não agrada, é mal-humorado, grosso, boçal, sarcástico, antissocial e considera desnecessário o contato com o paciente, já como profissional é diferente, apesar do seu jeito um pouco desagradável, House consegue diagnosticar os casos mais complicados do hospital, quase nunca erra, e os tratamentos que ele aplica são em sua maioria eficazes. Ele possui dificuldade de se relacionar e se mostra solitário, muitas vezes não sabendo expressar seus sentimentos. Juntando isso com o fato de ele ter um problema em uma das pernas, que o faz usar uma bengala, ser divorciado e ter apenas dois amigos, Dr. James Wilson (Robert Sean Leonard), chefe da oncologia, e Dra. Lisa Cuddy (Lisa Edelstein), diretora do hospital.
House também é um viciado em remédios, o que afeta muitas vezes o seu trabalho. O vício teve início por causa das contantes dores que sente na perna e muitas vezes saiu do controle. Isso mostra que o fato de ser médico e saber as consequências dos excessos, não altera o lado humano que está sujeito a erros e tentações. Afinal, não é fácil aguentar uma rotina tão exaustiva e complicada emocionalmente, levando em consideração as vidas difíceis que alguns médicos já possuem.
The Knick A medicina possui inúmeros recursos hoje em dia, e está em constante avanço. Mas como era possível salvar vidas no começo do século XX? É exatamente isso que essa série retrata. Foram duas temporadas entre 2014 e 2015, e apesar de receber muitas críticas positivas, recentemente anunciaram que a série foi cancelada, após quase 2 anos sem novos episódios.
Em 1900, no hospital fictício Knickerbocker Hospital, em Nova York, o cirurgião Dr. John W. Thackery (Clint Owen) precisa salvar vidas e desafiar os recursos existentes na época para não contribuir com os altos números de mortalidade da época. Naquele período não existiam antibióticos, e a medicina tinha muito mais limitações do que as que existem atualmente. Além disso, o médico possui um vício, em cocaína, que era uma droga lícita utilizada como anestésico, e também é brilhante no que faz, se assemelhando bastante com o personagem Dr. House, principalmente pelo fato de se achar o dono da verdade. Thackery é ambicioso e tem sede de novas descobertas medicinais, passando por cima de vidas para avançar em suas pesquisas.
Em contrapartida, existe também o Dr. Algernon Edwards (Andre Holland), um médico negro que mesmo tendo estudado em Havard e trabalhado nos melhores hospitais da Europa, precisa enfrentar o racismo que na época era ainda mais gritante e cruel, até porque os pacientes do hospital eram unicamente brancos e ele enfrenta muitas perseguições.
A série aborda os assuntos da época fielmente, até porque Thackery e Edwards são inspirados em pessoas reais. Não só dentro do hospital, mas também fora dele é mostrado o contexto histórico, as relações interpessoais, e o momento que Nova York vivia em relação a migração e criminalidade. Se é difícil ser médico hoje em dia, em 1900 era ainda pior.
Unidade Básica Muitas vezes o médico foca tanto em salvar, em curar, em descobrir o diagnóstico que esquece de saber quem é o paciente de verdade. O local de trabalho é uma Unidade Básica de Saúde, onde os médicos realizam um atendimento preventivo para moradores da periferia de São Paulo. Esse atendimento vai além de saber apenas o que o paciente está sentindo, e sim conhecê-lo, saber sua rotina, entender seu histórico, criar um certo vínculo para que haja confiança e a ajuda médica possa ser mais eficaz.
Além do atendimento na unidade, médicos e agentes comunitários fazem atendimento nas casas dos moradores, o que mostra que o trabalho de um profissional de medicina não é apenas dentro de consultórios e hospitais. O principal médico da unidade é Dr. Paulo (Caco Ciocler), que atua no local há anos e sempre se envolve profundamente com as histórias dos pacientes, procurando ajudá-los não só como médico. A rotina dele muda um pouco quando a Dra. Paula (Ana Petta) chega a unidade e a princípio ela quer continuar sendo a médica objetiva que foi até então, mas isso não é o ideal ali. Aos poucos ela percebe que não é possível se distanciar dos pacientes, que muitas vezes é difícil lidar com eles e se faz necessário ter um jogo de cintura e deixar de lado a forma racional de atendê-los.
As histórias dos oito episódios são baseadas em fatos reais e teve na equipe dos roteiristas um médico que atua em uma Unidade Básica de Saúde semelhante a que serve de cenário para o seriado. A produção mostra que ser um profissional de medicina não pode ser objetivo no seu trabalho e que é possível atuar além dos muros dos hospitais.
São muitas as produções televisivas que retratam o dia a dia de profissionais da saúde, cada uma com sua particularidade, tentando mostrar a realidade vivida por eles e os desafios enfrentados diariamente. Que assim como a séries médicas listadas, “Sob Pressão” também possa retratar a adrenalina dessas pessoas que salvam vidas, o emocional abalado, e principalmente, o quão difícil é praticar medicina em um hospital público no Brasil e que está localizado em uma área de risco na cidade do Rio de Janeiro. A série vai ao ar toda terça-feira logo após a exibição da novela “A força do querer” e também está disponível para assinantes do Globo Play.
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