Não é todo dia que se tem a oportunidade de conhecer uma lenda da música em pessoa. Kevin Saunderson do Inner City bateu um papo com a Woo! antes de seu concerto no The Town na noite de sábado (09) no New Dance Order. Confira a entrevista exclusiva.
De pai para filho
Nick de Angelo: Olá! Muito obrigado por compartilhar esse momento conosco, Mr. Kevin, é sempre um prazer poder receber artistas como você aqui na Woo!
Gostaria de começar com respeito a uma entrevista que o senhor deu em 2004 para um importante jornal daqui, a Folha. [Nela] você disse que pretendia tocar como DJ por mais 5 anos e então se aposentar e tocar ocasionalmente aqui e ali em alguns festivais. O que te moveu a mudar de ideia e quebrar um hiato de 28 anos sem álbum de estúdio?
Kevin Saunderson: É… bem, primeiro a nossa cantora original, Paris, se aposentou e, bem, eu sempre continuei fazendo diferentes coisas. Meu filho [eventualmente] se envolveu. Ele se tornou produtor e começou a criar música. Ele começou a soar como eu, Dantiez o seu nome.
Então quando o escutei eu ficava me dizendo “ele parece comigo!”, e ele gosta de vocais, de melodia, então decidimos colaborar e trazê-lo para o Inner City. Então encontramos uma cantora, Steffanie, em Detroit, a qual gostamos demais e essa é a principal razão pela qual nós voltamos, mas tudo meio que começou como uma turnê de 30 anos de aniversário [do grupo], e evoluiu para um projeto maior e sério de novo. Então o Inner City vai continuar no futuro.
N.A.: Então você diz que seu filho foi a principal razão pelo retorno do Inner City?
K.S.: Ele foi a principal razão, mas, sim, então nós começamos… isso acendeu a música, e Steffanie se tornou vocalista. Nós tínhamos que ter alguém que acreditássemos que se encaixasse.
N.A.: Vocês acabaram de lançar um novo som, “Heavy“, uma bem forte, por sinal. Podem nos contar o que estava por trás dele?
K.S.: Bem, você sabe. A gente gosta de boas canções, boa música. Pensamos que era uma faixa house potente. Steffanie soou ótima cantando-a. E, novamente, só deixamos ir, deixando as músicas virem. É parte da energia criativa para fazer o que você sente e é sobre isso que a faixa é.
N.A.: Por ter a mesma ocupação e agora colaborar no mesmo projeto em família mais do que nunca, você consegue nomear algo que aprenderam um do outro trabalhando juntos?
K.S.: Ele me ensina muito sobre novas tecnologias. Eu ensino ele bastante sobre as tecnologias antigas, e daí a gente junta tudo [risos]. Mas ele também conhece produtores jovens e eles trabalham com computadores, então é mais fácil comparado a antigamente, você sabe: antes trabalhávamos só em estúdio, hoje você faz as coisas no computador.
N.A.: E também muita coisa mudou com a era dos streamings, não?
K.S.: Sim, sim! Os tempos mudaram! E você meio que assiste eles e tudo tá numa caixa e tal. Então é só diferente, mas ainda é maneiro.
N.A.: Depois de tantos anos, qual é a inspiração mais inusitada que já te ocorreu e veio a ser uma de suas músicas?
K.S.: Na minha época eu costumava me inspirar indo a lugares, à discoteca, ouvir gente como o Ron Hardy de Chicago, e Larry Levan tocando na Paradise Garage. Sou originalmente de Nova Iorque, então eu ouvi uma boa variedade de boas canções e boa música do que era [a época]. Então às vezes quando eu estou em criação eu tento imaginar minha música sendo tocada em um lugar como esses e como soaria, e isso faz parte da minha inspiração.
N.A.: Você é conhecido por estar nas origens e linhas de frente do techno, mas quais são as novas barreiras que você ainda pretende quebrar com sua música?
K.S.: A tecnologia meio que ajuda a ditar as coisas, mas eu ainda quero ter um ritmo groovy e que isso continue sendo o fio condutor por trás disso tudo.
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