Nathan é um cantor e compositor, que foi lançado recentemente na música brasileira. Ele que é filho de uma pianista clássica e um percussionista popular, nasceu na Noruega, mas foi criado tanto no Brasil, quanto no exterior.
O cantor também é estudante de cinema na PUC-Rio e por ter toda essa mistura no sangue tem influências bem diversificadas. Além disso, o rapaz é escritor e já publicou o livro “A Terra Esquecida de Myria” em 2017. Com tantos dotes e apenas 21 anos, Nathan lançou seu primeiro clipe, “Cidade Vazia”, no começo de 2018 e acaba de sair “Apenas Viajar”.
Nós tivemos a oportunidade de conhecer melhor o artista e fizemos uma super entrevista que você vai poder ler agora:
Paulo Olivera – Como foi crescer com pais músicos? Como eles influenciam seu trabalho?
Nathan – Eu não mudaria nada. Acho incrível o fato de os dois serem músicos, pois fez com que eu respirasse música ao longo de toda minha vida. Música passou a ser a linguagem com a qual eu mais me identifico, mais compreendo e melhor me expresso. Por eles serem músicos, são meus heróis. A influência deles foi direta e constante. Minha mãe é pianista clássica e meu pai é percussionista então, graças a eles, tive uma formação musical orgânica (quase tudo que aprendi foi dentro de casa, ouvindo) e eclética, já que os dois tem estilos muito diferentes.
Você nasceu na Noruega e foi criado entre o Brasil e o exterior. Quais são as mais extremas e diferentes características que você percebe entre o Brasil e o exterior?
Se a gente considera o Brasil como “tudo que não é o exterior” a pergunta fica muito abrangente (hahaha) então vou focar nos EUA que foi onde cresci por 7 anos (dos 7 aos 14). Eu vejo muita diferença na forma como os cidadãos abordam o seu país. Nos EUA quase todos têm um senso de patriotismo e orgulho nacional muito forte (seja isso bom ou ruim), ao passo que no Brasil, esse sentimento é quase inexistente, mas, por outro lado, os brasileiros tem mais abertura e facilidade de autocrítica em relação ao próprio país. Outra grande diferença que vejo, agora falando mais do meio cultural, é que os EUA estão mais inseridos no “mainstream”. Isso significa que, para mim, a cultura local, regional, é mais forte aqui no Brasil. Quando falamos que existem muitos brasis dentro do Brasil não percebemos que muito disso tem a ver com a cultura. Cada região tem sua identidade cultural própria, ritmos diferentes e específicos que ainda têm muita força, tanto no âmbito local quanto nacional. Embora haja essa pluralidade nos EUA também, eu não enxergo da mesma forma por não ser tão determinante na mistura e na polifonia da nação como um todo.
Por quê se lançar na música e fazer faculdade de cinema? Como desenvolve essa conexão e como quer desenvolver seu trabalho através das duas vertentes?
Hoje em dia eu percebo cada vez mais a importância de ser multidisciplinar, principalmente na minha área. Sempre quis fazer cinema e não tinha como eu não flertar com a música (filho de peixe, peixinho é). Nesse caso, eu acredito que os dois se complementam. O cinema depende da música e o mercado musical hoje também depende do cinema pois sem clipe não se lança nada direito (risos). Então esse diálogo é muito claro e o fato de eu estudar cinema me serve muito bem na carreira musical.

Como você define seu trabalho hoje?
Eu costumo dizer que minha vida profissional é um propósito pessoal que gira em torno de três esferas: música, cinema e literatura. Estas três áreas definem o meu trabalho, como produtor de conteúdo criativo. Eu sempre busco estar ativo nas três áreas, que muito se conversam, embora tem sempre uma hora que pendemos para um lado ou outro. No momento, o lado que fala mais forte é a música, mas talvez daqui há alguns meses não seja. É sempre uma incógnita, mas o que sei é que são essas 3 esferas que definem meu trabalho.
Como foi o processo de criação do EP, desde a composição a escolha das músicas e o processo de gravação?
O EP foi uma loucura. Primeiro porque eu não esperava que fosse fazer um EP. Comentei com um amigo, Mateus da Silva, em uma mesa de almoço, que queria gravar umas duas músicas, aproveitar as férias pra tirar elas da cabeça. Ele me apresentou aos caras do Estúdio Camelo Azul, que me fizeram a proposta de gravar 4 faixas, ao invés de duas. Acabamos gravando 6, e o Mateus, que por enquanto só tava fazendo a ponte, produziu o EP. Além disso, o próprio processo foi inesperado. O EP acabou tendo um pouco de cada pessoa ali envolvida, foi um processo de entrega coletiva muito bonito. Amo esse tipo de coisa, quando a obra não se restringe apenas ao autor. No caso do EP por exemplo, só duas músicas chegaram no estúdio “prontas para gravar” (as duas que eu queria inicialmente gravar). Duas (para completar o plano de 4 faixas proposto pelo estúdio) eram composições incompletas que foram finalizadas no estúdio, e as outras duas nasceram no estúdio, durante o próprio processo de gravação.
“Cidade Vazia” contou com um esforço coletivo para o resultado final, nos conte um pouco do processo para a realização do seu primeiro clipe.
Ainda sobre esforços coletivos (hahaha). Cidade Vazia foi um exemplo perfeito disso. Foi um trabalho extremamente colaborativo que envolveu gente do Rio inteiro. Nós queríamos passar a mensagem de que a Cidade Vazia “ainda pode ser preenchida” e queríamos inspirar o público a buscar tomar ação e preencher a cidade do seu jeito, com sua expressão, com sua personalidade. Tem algo muito divino nisso. No fato de que fomos feitos todos iguais, mas também todos diferentes de alguma forma, com algo de autêntico em cada um. E não deu outra: o clipe foi uma explosão de personalidades, diversidade, talento, expressão, e alegria para somar tudo. O clima no set, principalmente no dia do Aterro (onde gravamos a parte do samba) fez qualquer esforço parecer pequeno e tranquilo de lidar. Cidade Vazia foi um presente, e o melhor jeito de “começar com o pé direito”. Ou então com os dois pés, sambando.
Você acaba de lançar o clipe de seu segundo single, “Apenas Viajar”, que conta com uma participação especial da cantora Nathy Veras. Como foi a produção desse projeto e do que se trata a canção?
Essa produção foi bastante ousada também (estou percebendo que isso é quase um pré-requisitos para os clipes desse disco). O Raphael Dusi (diretor do clipe) apresentou a ideia e eu me amarrei logo de cara. Não vou contar muito sobre o clipe, somente que envolve penas, água e praia (vale a pena ver sem levar spoiler). Essa música é uma das minhas favoritas. Ela fala principalmente sobre Amor (que eu considero com A maiúsculo), trazendo uma leitura mais espiritual, mais profunda sobre um sentimento que nós sempre carecemos individualmente. A Nathy mandou muito na participação dela, trouxe uma leveza e um charme para a faixa. A música floreou e o resultado ficou lindo!
O que podemos esperar de “S.O.L.”?
Muita mistura. Muita diversidade de som (pelo menos eu acho heheh). Tenho dificuldades de classificar um gênero pro disco. Tem muita coisa lá. Samba, ciranda, funk, uma pitada de pop-rock, rap. Eu diria que tem muita brasilidade como um todo, e fico muito feliz com este resultado, pois considero uma missão pessoal enaltecer as sonoridades brasileiras nas minhas canções. A gente precisa aprender a nos amar mais, e nos apreciar enquanto nação que pulsa cultura. “S O L” tem bastante emoção também. Bastante desabafo, muitos elementos pessoais que talvez só eu e o pessoal do estúdio iremos saber. Não é perfeito, claro, mas como um todo, eu considero o início de uma longa jornada. E para mim, é uma boa forma de começar.
Para finalizar, escolha uma música para cada um dos temas a seguir. Não esqueça de justificar cada escolha.
– Influência: Não consigo escolher…
– Escuto Todos os Dias: “Blessings”, do Chance the Rapper e “i”, do Kendrick Lamar. Me definem muito essa músicas, e me inspiram.
– Infância: Qualquer música da Disney serve. Pensando também na influência dos meus pais, “Alma brasileira” de Villa-Lobos, e “Canta, canta minha gente” de Martinho de Vila. E pensando no tema infância, “Aos olhos de uma criança”, do Emicida (quando se trata de infância é difícil escolher).
– Regravaria: “Quem te viu, quem te vê”, do Chico Buarque. Tenho muito carinho por essa música e me parece emocionante de interpretar.
– Indico: “+ Amor Por Favor”, do Clovis Pinho. Essa música tá no replay direto e mexeu comigo. Na verdade esse disco todo eu indico muito.
– Old, but is gold: “Caçador de Mim”, do mestre Milton Nascimento. Essa música sempre será relevante, sempre será uma obra-prima.
– Não aguento mais: Échame la Culpa. Essa música fica na cabeça de um jeito… não posso nem chegar perto.
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