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Literatura

Vida na rua

Jonas não define a si mesmo como mendigo. É um homem no auge de seus trinta e cinco anos, alto, magro, olhos verdes profundos e seria bonito se não tivesse tantas camadas de sujeira cobrindo sua pele. Não, Jonas não é um mendigo. Ele é um homem, um homem sem residência fixa e que decidiu usar uma bicicleta para andar pelas ruas e estradas do Brasil. Foi assim que veio parar no Rio.

Com quatro filhos, um de cada mulher, um dia cansou de trabalhar nas roças do interior do Mato Grosso e resolveu que iria viajar. Pegou sua bicicleta e saiu pela estrada com destino ao Rio de Janeiro, sem lugar para ficar, sem emprego e sem a família para apóia-lo. Jonas chegou na cidade sem nada, nem mesmo a bicicleta.

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Depois de quebrar duas vezes – causando intervalos que duraram dias, uma vez em Goiânia e a outra em Minas Gerais – sua única acompanhante teve que ser jogada no lixo. Já no Rio, Jonas decidiu que não queria se prender, iria ficar “a toa” e só faria alguns bicos para conseguir comida. Pintando uma casa ali, carregando algumas caixas aqui, consegue o suficiente para sobreviver na cidade, dormindo pelas ruas e indo até onde seus pés conseguirem carrega-lo.

Mesmo com a vida difícil, não se arrepende de ter decidido largar tudo e gosta de não se prender a lugar nenhum, poder andar por ai sem hora ou destino ou alguém que o espere a noite. Não trocaria a vida nas ruas pela casa com uma mulher e seus filhos.

De vez em quando consegue uma passagem de ônibus ou uma carona e volta para o Mato Grosso, “visitar as crianças, as mães delas não me querem”. Mas logo se cansa da vida do interior e põe de novo o pé na estrada, sempre de volta ao Rio, mesmo que prefira a vida em Minas. Não sente falta de casa, “sente falta, mas não muita”.

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Jonas é mais um morador das ruas, mais um invisível no meio da multidão. “A pior parte dessa vida é que todo mundo passa por você, mas ninguém parece te ver”.

Por Camile Cotta

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