Natural de Sorocaba, interior de São Paulo, Vitor Martinez começou a fazer teatro profissionalmente aos 9 anos e de lá pra cá não parou mais. Buscando se aperfeiçoar sempre, foi assim que veio parar em terras cariocas. O artista já escreveu, dirigiu e produziu alguns trabalhos e hoje se destaca no mercado como caracterizador em teatro e TV, além de ser também ator/cantor. Recém-formado pela UNIRIO, ele almeja voar ainda mais alto na profissão, que inclui retomada de projetos pessoais e o ingresso em um mestrado no próximo ano. Entende a universidade como um lugar de troca e que lhe proporcionou muitas oportunidades e ainda hoje, mesmo já tendo se formado, ainda realiza alguns trabalhos lá.
Na visão dele o artista tem que estar sempre se renovando, sempre estudando e antenado em tudo o que acontece na atualidade e história do mundo para tornar seu trabalho cada vez melhor e é assim que ele segue atuando dentro e fora dos palcos. Já foi premiado em festivais como melhor peça (juri técnico e popular), melhor texto, melhor direção, melhor ator, melhor figurino, iluminação e atores coadjuvantes.
No Rio concorreu a muitos prêmios como caracterizador e ator, e ganhou junto a atriz Jessika Menkel o prêmio de melhor esquete juri técnico e popular com “Meu nome é Ernesto” e em 2016, foi finalista do prêmio Avon. Em seu currículo carrega um extenso trabalho com musicais atuando e/ou assinando a caracterização como “Tommy”, “A ópera Rock”, “Os miseráveis”, “Spamalot”, “The Book of Mormon”, “Meu nome é Ernesto”, “Romanceiro Popular”, “O mambembe”, “Rei do Lixo”, além de peças feitas pela Fundação Cesgranrio e pela Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa.
Nós da Woo!Magazine tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais desse artista incrível, confira um pouco mais sobre ele:
Adriana Dehoul: Como surgiu o desejo de se tornar ator?
Vitor Martinez: Desde pequeno sempre tive fascínio pelo palco. Amava cantar e praticar mágicas. Foi então que comecei a fazer aulas de circo e me encantei com a arte da palhaçaria. Ela que me levou para o teatro onde descobri a possibilidade de ser outras personas e exercitar outros tipos de máscaras teatrais. Vi na profissão ator, todo o universo mágico que sempre amei: a ilusão, a teatralidade e a possibilidade de assumir outros papeis.

AD: Quando você resolveu vir para o Rio de Janeiro?
VM: Eu trabalhei durante muito tempo em Sorocaba com uma cia profissional e montava os meus próprios espetáculos, aonde eu escrevia, dirigia, e produzia. Foi então que quis me aperfeiçoar e aprimorar os meus conhecimentos. Um dos atores dessa cia estudou na UNIRIO e me falou muito bem do curso e do aprofundamento que a universidade oferecia tanto em teoria quanto prática. Eu optei por um curso superior ao invés de um curso técnico e isso passou a ser o meu maior desejo. E o fato de ser na cidade maravilhosa, só tornava este sonho ainda mais intenso. Minha vontade era de abrir os horizontes e mergulhar em novas possibilidades que o mercado daqui tem.
AD: Você vem se destacando também como caracterizador. Conte-nos um pouco sobre isso.
VM: Eu sempre gostei de fazer diferentes personagens, buscar desafios e principalmente que fossem bem distintos do meu perfil. Passei a estudar possibilidades com a maquiagem para que isso fosse uma ferramenta para o meu trabalho de ator. Acabou que se tornou mais uma profissão que tomei um grande amor. E eu acredito que tudo o que fazemos com o coração, fazemos bem. Passei a receber alguns convites para fazer algumas maquiagens nas peças de Sorocaba. Até que me vi assinando a caracterização de alguns espetáculos. Fui aprendendo um pouco de tudo nesta área de modo autodidata, até que ao entrar na UNIRIO, conheci a professora Doutora Mona Magalhães, eterna mestra, e passei a ter maior conhecimento técnico e prático da maquiagem. Fiz algumas montagens dentro da universidade e fui ganhando uma certa visibilidade. Foi então que participei do Prêmio AVON de maquiagem nos anos de 2014, 2015 e fui finalista no ano de 2016. A partir disso foi surgindo outras possibilidades e entrei para o mercado de trabalho do Rio.
AD: Qual a principal mudança do Vitor de agora para o que chegou nessa cidade cheio de sonhos?
VM: Acredito que maturidade, pé no chão e a certeza de que agora posso sempre contar com os novos amigos cariocas. Cheguei com a vontade de abraçar o mundo, com uma sede de conhecimento tão grande que acabava até me perdendo em meio a tantas possibilidades. A maquiagem me ajudou a trazer um grande foco e profissionalismo para o meu também, tanto na própria área de caracterização como na de ator.

AD: Soubemos que você começou a desenvolver um trabalho como Drag Queem. Fale-nos um pouco sobre isso.
VM: Sim, eu fiz um musical aonde eu me montava a la Carmen Miranda. Era um rapaz que resolvia ir vestido assim para o carnaval. A grande brincadeira era saber se ele era ou não era, até que no final da peça eu surgia desmontado. Este trabalho foi muito divertido e eu adorava a reação das pessoas ao me verem na peça. Foi aí que nasceu a Victoria Titan, a minha Drag, que depois foi surgindo em outros eventos, algumas festas, até que eu participei do Rival Rebolado no Teatro Rival. Uma competição de Drags e eu fui a vencedora, me tornei a “Rainha da Cinelandia”. Victoria é um personagem que tem seu projetos futuros que serão lançados em breve. Uma mistura de todas as minhas artes em uma só personagem.
AD: Qual o personagem mais desafiador que já fez até hoje?
VM: Eu acho que todos os personagem são difíceis. Ao nos deparar com um personagem, por mais simples que seja, há um mundo obscuro e um penhasco que nos separa de primeiro momento. Os que eu mais gostei de fazer, sempre foram os que não tinham a ver com a minha persona. Os que me transformavam de verdade. Meu último, o Juvenal, que é um bêbado, acredito que foi o maior tiro no escuro. Porque precisei ter uma dosagem certa para não se tornar um personagem banal ou simplesmente ser apenas mais um no currículo.

AD: Como se dá o seu processo de construção de personagem? A caracterização também é um ponto de partida?
VM: Cada processo de criação é diferente. Alguns são criados através da identidade visual, outros pelo trejeito, modo de fala ou um sentimento. Compor personagens é uma das minhas maiores paixões. Dar vida a outra vidas e fazer com que isso seja extremamente presente, pulsante e por mais que seja vez ou outra, teatral, que seja convincente.

AD: Quem são suas grandes influências no meio artístico? E seus maiores apoiadores?
VM: Eu sempre bebi de todas as artes, tanto da música, do cinema e principalmente do teatro. Admiro muito quem faz teatro e arte em geral com pouco, às vezes com nada. Minhas influências vêm muito da palhaçaria e do humor físico. Desde os comediantes mudos até a fisicalidade do teatro moderno. Trabalhar em cima de uma partitura pré-definida me agrada muito. Meus maiores apoiadores eu tenho orgulho em dizer que é a minha família. Desde pequeno sempre me apoiaram para fazer teatro, me apoiaram para vir estudar e correr atrás dos meus sonhos aqui no Rio.
AD: Quais são os projetos para 2017?
VM: Este ano pretendo me dedicar aos meus dois lados profissionais: tanto como ator como caracterizador. Quero retomar alguns projetos engavetados e juntar um pouquinho de tudo que aprendi com o teatro. Também quero ministrar uma oficina de caracterização.
AD: Que mensagem você gostaria de deixar para aqueles que estão querendo entrar nessa área?
VM: Faça teatro, Veja teatro. Viva o teatro! Para quem quer fazer arte e se enveredar por qualquer meio artístico que seja, precisa aprender sempre com essa arte maior. Pelo menos assim considerado por mim. Você precisa ter muita paixão no que faz para que faça bem feito e aguente todos os percaussos que este caminho nos traz. Desistência deve ser tirado do nosso vocabulário, porque fazer arte não é fácil e ainda não é visto como profissão infelizmente para muitas pessoas.
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