Apenas mais uma adaptação teen
Se o mercado ainda não se cansou de filmes de super-heróis, quem dirá de romances dramáticos para adolescentes. E se o mercado não se cansou o publico pode se sentir fatigado em um exemplo do gênero. “Tudo e Todas as Coisas” (Everything, Everything) é o mais novo exemplar e para nosso espanto – com uma dose de ironia – é uma adaptação literária. Vocês conhecem “A Culpa é das Estrelas“? Ou “As Vantagens de Ser Invisível“? O recente “O Espaço Entre Nós”? Ou o quase clássico “Um Amor Para Recordar“? Então, essa nova produção tem praticamente a mesma base que esses outros filmes citados. Com algumas modificações.
A obra nos apresenta Maddy Whittier (Amandla Stenberg), uma garota que está prestes a completar 18 anos, mas nunca saiu de casa. Ela tem uma doença rara, no qual seu corpo não produz muitos anticorpos e qualquer vírus e/ou alergia poderia matá-la. Por sorte, ela mora com sua mãe, Pauline (Anika Noni Rose). Enquanto sua mãe trabalha, ela passa o dia em casa lendo, fazendo resenhas literárias e um curso online de arquitetura. Para fazê-la companhia, Carla (Ana de la Reguera) é uma espécie de enfermeira e empregada. E, às vezes, a filha de Carla, Rosa (Danube Hermosillo) passa para visitá-la. Porém a vida e a forma com Maddy a vive muda completamente com a chegada de uma nova família para a casa ao lado da sua. Entre os novos vizinhos está Olly Bright (Nick Robinson). A distância eles começam a desenvolver uma relação amorosa que fará com que Maddy deseje sair de casa e tente fazer algo impensado, mesmo que isso lhe custe a vida.
Por ser uma adaptação da obra de Nicola Yoon, temos que lembrar que dificilmente o roteiro será 100% fiel. Porém, J. Mills Goodloe consegue traduzi-lo tecnicamente de uma maneira agradável. Inevitavelmente, a base da narrativa é muito clichê, como tantos outros filmes que já citamos acima. Contudo, a obra consegue ser interessante, mas não memorável. São coisas bem diferentes. Há uma aura leve, que não deixa cair num drama adolescente, assim como não deixa a história monótona ou piegas, afinal tem alguns plot twists até bem interessantes.
Stella Meghie, em sua segunda direção em longa metragem, segue o mesmo fluxo. Seus planos não fogem a padronagem, mas consegue dar a narrativa visual de forma clara. Outro ponto notável, é o cuidado em como se contar e o porque dentro de sua direção de atores. De maneira bem leve, sem muitas nuances e/ou características, facilmente identificamos os perfis dos personagens. Mesmo que não tenha nenhuma “forçação de barra”, sua direção também não consegue marcar de maneira que atenue a trama. É uma linha linear e segura.
Uma das melhores coisas do filme, embora também seja um clichê visual é o departamento de arte. Uma paleta simples e que podemos considerar limpa. O fato de termos uma doente, a estética é extremamente geométrica, seja na cenografia ou no figurino. As cores são claras para dar o ar clean no universo de Maddy, enquanto do lado de fora, e em seus vizinhos, as cores são mais vivas e muitas vezes mais escuras.
Se tratando do elenco temos uma certa uniformidade, afinal não há destaque algum. A produção de casting de Venus Kanani, Tiffany Mak e Mary Vernieu apresenta algo relativamente raro. Temos uma protagonista negra, que não é pobre ou sem estudo, assim como não tem uma personalidade expansiva/agressiva. Cada um à sua maneira consegue dar seu próprio tom à seus personagens, embora não podemos deixar de achar que Anika Noni Rose poderia ter feito um trabalho melhor como a mãe da protagonista.
Recheado de músicas pops e indiepops, “Tudo e Todas as Coisas” não consegue ser nada do que exatamente poderia, deveria e desejaria ser. Depois de tantos filmes parecidos, dramas e romances teens são algo eterno, é sempre um desafio trazer uma trama rica, seja no visual ou na narrativa. É um clichê até gostosinho, mas não passa disso. Depois de assisti-lo, em pouco tempo ele já não estará em sua cabeça.
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