Mais para Chorar que para rir
Existe uma esquete no programa “Uma Família da Pesada” em que um personagem diz para outro que irá fazê-lo passar pela “mais humilhante situação que um ser humano possa imaginar”, fazer cena a cena de um remake de “O Mentiroso”. Com isso em mente, não é preciso ser muito criativo para imaginar toda narrativa (e a qualidade da mesma) de um filme que pode ser descrito como “O mentiroso estrelado por Leandro Hassum”.
Nilo Perequê (Leandro Hassum) é o maior comediante do Brasil, estrela do programa Chorar de rir. Após ouvir em uma premiação que comédia era palhaçada, o humorista decide mudar seu gênero de seu trabalho, indo para o drama e produzindo um clássico do teatro: “Hamlet”.
Leandro Hassum conquistou o público nos últimos anos, seja por seus programas de Tv ou a série de filmes “Até que a Sorte nos separe”. Porém, é de se notar que ele tem andando bem em uma zona de conforto no que diz respeito as seus papéis – já que todos dependem das mesma muletas de atuação (overacting, mudanças repentinas de voz, e uma fisicalidade debochada). E aqui tudo é ainda mais extrapolado, apesar de um tom um pouco mais sóbrio de início, o roteiro não demora para cair nas mais baratas obviedades que o cinema nacional tem apresentado nos últimos anos.
E isso é realmente uma pena, há diversos elementos para um bom filme espelhados durante 104 minutos de projeção, todos os trechos que tentam mostrar os bastidores de arte e dos artistas é bem interessante, possui um humor mais ácido e uma metalinguagem que funciona muito bem (Hassum falando que os comediantes gordinhos perdem a graça quando emagrecem, por exemplo) – fora o que as participações especiais soam quase orgânicas (há uma em especial que envolve pessoas presas em um personagem que é uma ótima piscada para o expectador). Pena que tudo isso dá lugar ao humor pastelão fruto de um dispositivo de trama sobrenatural que parece ter saído direto de um especial da “Turma do Didi”.
A direção de arte por outro lado, apesar de óbvia, consegue transmitir bem a necessidade de seus ambientes, além de refletir bem o universo de seus personagens com signos de associação direta – vide o pôster de Buster Keaton no quarto do protagonista Nilo, ou o estado do apartamento de seu par romântico, que traduz bem para o visual seu estado de incerteza que permeia boa parte do filme.
Aliada a direção de arte está a montagem, que é ágil e isso dá ao filme um certo tempo ritmo e o deixa mais pratico, mantendo apenas o necessário para que a trama ande sem empecilhos (como na visto logo na primeira cena com uso de uma montagem paralela para mostrar como é a rotina do personagem de Hassum, e sua relação com os que o cercam). Esses, que aliás, variam entre “operantes” e “fazendo mais do mesmo”.
Algo que fica bem evidente com a escalação de Caito Manner, que só repete todos os bordões e trejeitos do seu personagem “Choque de Cultura”. E se por um lado isso é engraçado, por outro acaba atrapalhando a própria narrativa, já que isso acaba desviando a atenção do espectador.
Mesmo com uma direção de arte empenhada, a natureza derivativa dos personagens e da trama trazem um dos filmes mais óbvios e monótono desse semestre.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Warner Bros. Pictures
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