Connect with us

Hi, what are you looking for?

Crítica

Crítica: Papicha

Imagem: Divulgação/Pandora Filmes

Há algo que os homens de todas as partes do mundo precisam tomar consciência: é extremamente difícil ser mulher neste planeta! Foi assim no passado, continua assim no presente e, provavelmente, será assim no futuro. Infelizmente, por mais que os movimentos feministas tenham feito muito para melhorar a situação durante a história, ainda hoje, em pleno século 21, é possível presenciar as crueldades pelas quais passam as pessoas do gênero feminino.  É chocante notar que costumes retrógados não foram abolidos em quase trinta anos, desde a época que os acontecimentos retratados em “Papicha” se desenrolam.

Imagem: Divulgação/Pandora Filmes

Em 1990, durante a Guerra Civil entre o governo e vários grupos de rebeldes islâmicos, a Argélia entrou em ebulição, e como era de se esperar, as mulheres sofreram barbaramente.  “Papicha” conta a história – em parte autobiográfica de sua diretora Mounia Meddour – de estudantes de moda que sofrem com a crescente repressão de fanáticos religiosos islâmicos. Ou seja, elas precisam se curvar aos homens, que são os líderes supremos da sociedade. As filhas, as irmãs e a as esposas desses homens têm a obrigação de fazer as vontades patriarcais, e são proibidas de mostrar qualquer parte do corpo, de estudar, de se divertir, ou simplesmente de sair sozinhas na rua.

Entre as estudantes há a talentosa aspirante a estilista Nedjma (Lyna Khoudri), que cresceu em uma família progressista e, depois da morte do pai, vive com a mãe e com a irmã jornalista. A garota gosta de ir a festas com as amigas, não usa o hijab e se veste de forma ocidental. Ela não entende como as pessoas podem seguir uma versão tão distorcida do Alcorão. Por incrível que pareça, não quer abandonar seu país, apesar de ter recebido um convite do namorado para ir à França. Como forma de protesto, Nedjma prepara um desfile de moda na faculdade, usando os tecidos que cobrem os corpos das argelinas, mas os transformando em vestidos ousados e elegantes.Meddour filma o universo daquelas mulheres intimamente, sempre com a câmera perto de seus corpos. O colorido dos tecidos e das maquiagens é intenso, contrastando com o uma cidade cheia de prédios sem vida e povoada por homens carrancudos e desrespeitosos. Em um momento, Nedjma tinge de vermelho um tecido bege que cobria uma mulher morta a tiros e cujo modelo era o mesmo usado pela atiradora. É um ato significativo, que coloca as duas igualmente, como vítimas da “fé” cega em Alá.

Papicha” é todo permeado por esse obscurantismo vindo da religião e que afeta a política social. Cumpre seu papel como crítica e como alerta para alguns países que ainda insistem em seguir olhando para o céu e esquecendo da realidade.

Advertisement. Scroll to continue reading.

* Este filme foi visto durante a 43ª Mostra de Cinema de São Paulo


Imagens e Vídeo: Divulgação/Pandora Filmes

Advertisement. Scroll to continue reading.
Sinopse
Prós
Contras
8
Nota
Written By

Formou-se como cinéfilo garimpando pérolas nas saudosas videolocadoras. Atualmente, a videolocadora faz parte de seu quarto abarrotado de Blu-rays e Dvds. Talvez, um dia ele consiga ver sua própria cama.

1 Comment

1 Comment

  1. Pingback: Crítica: Dançando no Silêncio - Woo! Magazine

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode ler...

Filmes

“Furiosa”: A presença da futura Imperatriz no Palco Thunder Sempre empolgado pelos painéis de notáveis hollywoodianos trazidos em todos esses 10 anos de CCXP,...

Filmes

Na CCXP23 vimos que a vida imita a arte do desencontro Na quinta (30), no palco Thunder da CCXP23, foi lançado o filme “Evidências...

Filmes

Todo som e a fúria de George Miller Já se vão 44 anos desde que o cineasta australiano George Miller iniciou com “Mad” Max...

Geek

Palcos e Painéis que Elevam o Brilho dos Artistas Brasileiros na CCXP23 A CCXP23 não é apenas um evento global; é um espetáculo genuinamente...

Advertisement