O lançamento da edição especial do SNES, ou simplesmente Super Nintendo, fez com que muitos geeks voltassem ao passado, como uma espécie de máquina do tempo. Uma perdição em universo sem tantos efeitos especiais, sem – ou pouca – internet, das vídeo-locadoras, do “assoprar a fita para funcionar”, dos jogos com vidas. Um período em que o imaginário se perdia em meio às baixas qualidades visuais que um jogo poderia apresentar. Aliás, naquela época, ninguém ligava para isso. Qualquer lançamento era um impacto para os olhos e imaginação. E agora, a experiência é a mesma para os amantes dos games dos anos 80 e 90?
Desde o lançamento do Atari, no final dos anos 80, houve uma revolução na produção dos games. Antes, mais escassos, multiplicaram-se em escala global, ao ponto de serem uma das principais indústrias comerciais do mundo. Hoje, vende-se tudo de qualquer jogo. Ao ver e jogar muitos games da atualidade, sempre nos sentimos como se tivesse faltando algo. Olhamos para os jogos e não há identificação. Os efeitos visuais e algumas histórias melhoraram absurdamente, mas em outros pontos, de certa forma, falta um pouco de sentimento e de mistério. Antes mesmo de lançar um jogo, os trailers são divulgados aos montes, com imagens e mais imagens das cenas das partidas, Youtubers jogam e testam os games antes mesmo de todo mundo. Há 15, 20, 30 anos, isso era impensável.
Para saber as expectativas de um jogo, era preciso comprar ou pegar emprestado a revista sobre o assunto para ver as principais imagens e saber o que era preciso. E a maioria não era possível saber, apenas na hora de jogar que os mistérios eram desfeitos. Aliás, mistério seria a palavra para expressar esse sentimento curioso e nostálgico que abrigou uma geração. Não saber como é, o que vai acontecer e como será, revelava ao jogador a ideia de entrar em um mundo novo, desconhecido. Era saber se a construção daquele imaginário formado na cabeça de cada pessoa seria correspondido. Curiosidades, mistério, expectativa e aflição construíram a nostalgia de uma geração.
E agora? Tudo isso se perdeu? A resposta é enigmática: talvez. Não é possível mensurar se hoje a geração Atari, Mega Drive e SNES está se adaptando a esse novo impacto sensorial que é causado nos jogos de hoje. Alguns, como animais na escala Darwinista, conseguiram se adaptar e evoluir nessa nova era. Outros, se perderam no passado e por lá ficaram. Não se entregam ao novo que aparece mais e mais, seja na internet ou na TV. O capitalismo em volta dos games, quer queira quer não, força as pessoas a receberem o conteúdo referente aquele jogo ou plataformas. A verdade é que uma nova geração já nasceu com força: a segunda década dos anos 2000 está mudando o mundo.
Ao observar os jovens de hoje, é possível perceber que eles, assim como os saudosistas do passado, estão vivendo o seu momento. E nele, a principal experiência é a imersão dentro dos universos por meio da qualidade gráfica e sonora e de histórias que parecem sem fim. É preciso aceitar: é a vez deles. Nos anos 90, existiam muitas casas de games em que jovens gastavam seu tempo – e dinheiro – nelas. Havia campeonato de futebol, de Pokémon e de tudo mais que era possível. Hoje, isso evoluiu. E como evoluiu! A brincadeira que era só para diversão tornou-se um negócio. Jovens estão estudando e se profissionalizando para serem jogadores. E há campeonato de tudo. A nova geração está vivendo o ápice da valorização comercial da sua principal brincadeira, os jogos eletrônicos. E a saudososa antiga geração? De alguma forma, usou a tecnologia a seu favor. Os emuladores, como uma máquina do tempo, trazem de volta um pouco daquele sentimento que ficou guardado durante anos.
Saudosistas do passado, a vez é da nova geração, que irá se aventurar nessa era. Hoje, somos como avôs e avós que aconselham os netos a viverem ao máximo o momento e também para contar um pouco da experiência de viver em uma era que eles nunca vão viver.
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