Chega de novela das sete no cinemão nacional! Parece que finalmente os grandes produtores e estúdios do cinema brasileiro estão percebendo isso e os ventos da sétima arte tupiniquim estão começando a mudar… vamos frisar: “começando”.
Faz um bom tempo que os brasileiros vão ao cinema, e quando percebem que tem um filme nacional em cartaz, sabem o tom ou até a história desse, mesmo sem fazer ideia do que o filme vai falar. Já que as grandes produções realizadas por aqui teimaram em nos jogar goela abaixo uma série de coisas repetitivas.
Para muita gente parece que o Brasil não faz filme de gênero, não temos terror, ação, ficção cientifica ou outros gêneros que estamos tão acostumados a consumir vindos de Hollywood ou da Europa. Bem, isso acontece porque fazer cinema é caro, MUITO CARO. E quem tem o dinheiro, prefere gastar no que acha que vai ser garantido ou em nomes que já tem seu espaço marcado no mercado. Isso acaba gerando filmes de comédia que parecem apanhados de esquetes do Zorra Total, com humoristas que dão audiência na televisão tanto aberta quanto fechada; ou dramas de época que lembram novelas das seis e sempre trazem clichês que já estamos cansados de ver. Ou então, é claro, histórias com roteiros mais ou menos que utilizam cenários que possam gerar certa identificação com público alvo: favelas, sertão, praia, Leblon, etc.
Tem muita gente boa por ai que tá tentando mostrar seus talentos nos festivais ou que está saindo das escolas de cinema com gás e querendo fazer coisas novas. Mas parece que durante anos essa indústria foi martelando esse pessoal pra padroniza-los e deixar todo mundo com o mesmo estilo pasteurizado que é dito “que o povo gosta”. Entretanto, aos poucos, parece que isso tá mudando. Nos últimos anos, filmes de gênero tem conseguido chegar às telas e mostrar do que o cinema nacional pode ser feito.
“Dois Coelhos” de Afonso Poyart, acabou mostrando em 2012 que um filme de ação pode ser rodado com pouco dinheiro e muita criatividade. Trazendo diálogos rápidos e engraçados (sem parecer besteirol) lembrando até filmes do Guy Ritchie.
“Reza a Lenda” de Homero Olivetto, também tentou trazer algo novo com sua estética que até lembrava um pouco Mad Max. Infelizmente não foi um filme tão bom, tinhas umas atuações muito mais ou menos, o desenvolvimento dos personagens não era lá essas coisas e a narrativa poderia ter sido melhor. Porém nos faz ver algo diferente do que nos é jogado.
Os filmes “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2” de José Padilha, que foram os maiores exemplos de filmes de ação dos últimos anos no nosso país. Mesmo trazendo o cenário das favelas e falando de desigualdade social, fizeram tudo isso de um jeito novo e fresco. Câmera na mão, fotografia diferenciada e diálogos tão geniais que você fica se perguntando em quais momentos os atores estão seguindo o roteiro ou estão improvisando de forma certeira.
E o ultimo exemplo dessa mudança de ares do nosso cinema foi a estreia na direção de Daniel Rezende, com seu filme “Bingo”, em que nos traz um drama falando do palhaço mais famoso da televisão brasileira dos anos 80. Usando várias referências nostálgicas, planos sequência mirabolantes, com piadas ótimas (que não parecem esquetes saídas do Zorra Total) e um elenco de primeira que se esmera em cada cena, principalmente seu protagonista Vladimir Brichta – que merece o reconhecimento devido por esse papel nos festivais internacionais de cinema.
Sabemos que ainda teremos vários filmes que vão seguir os passos de “Minha mãe é uma peça” ou “De pernas para o ar”, porque mesmo esses filmes nos trazendo pouquíssimas ou nenhuma novidade, ainda são as maiores bilheterias nacionais quando estão em cartaz. Porém, exemplos de cineastas como Daniel Rezende (que vai fazer uma adaptação da Turma da Monica para o cinema), nos deixam esperançosos para testemunhar esse novo capítulo que a telona tupiniquim irá nos proporcionar. Um cenário que possa fazer filmes de todos os tipos chegarem ao grande público, que só consegue ir no cinema no final de semana no shopping mais próximo, ao invés de deixar filmes fantásticos presos apenas a festivais em que um grupo seleto de pessoas poderá assistir.
Por Fernando Targino
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