A pandemia acelerou as mudanças que já vinham acontecendo, trazendo um novo normal para os cinemas
Antes da pandemia já existia uma grande discussão sobre o futuro dos cinemas, inclusive, havia um debate centrado na questão dos streamings. O mesmo falava sobre filmes desse formato concorrendo a prêmios. No entanto, isso deve aumentar em relação à questões gerais. Isso porque escancarou-se de vez que o formato de lançamento de filmes como conhecemos deve mudar muito durante os próximos anos. É o novo normal para os cinemas.
Desta forma, é muito provável que o cinema no formato atual, perca ainda mais espaço para novas tecnologias. Mas também vemos formatos já conhecidos e que foram abandonados entrando em moda novamente e ganhando espaço, como os cines drive-in.
A praticidade que as novas tecnologias oferecem e a vida corrida
A praticidade que as novas tecnologias oferecem em comunhão com a vida corrida que as pessoas levam hoje encontraram, na pandemia do novo coronavírus, um ponto de inflexão para os cinemas. Com as pessoas impossibilitadas de sair de suas casas, os streamings – que já faziam parte da vida delas – ganharam ainda mais espaço, passando a ser cruciais para acessar as novidades em relação a sétima arte. Dessa forma, a população também começou a descobrir os pontos atrativos do serviço e isso acelerou a mudança no hábito do consumo de novidades cinematográficas. Afinal, agora compramos lançamentos de casa, por um preço mais em conta e na segurança do lar.
Então, podemos dividir as vantagens em três pontos: a economia, já que podemos comprar um filme e assistir com todos em casa sem gastar gasolina, passagem, estacionamento ou outros custos que geram ao ir a um cinema; a segurança, pois não precisamos sair das nossas próprias casas; e a praticidade que vem junto com a economia de tempo, já que podemos acessar os filmes alugados por streaming de onde estivermos, até mesmo assistir a um lançamento no transporte público, pelo celular após o trabalho.
E, pelo que se percebe, as pessoas já não dão tanta importância para que o filme seja exibido em um telão, já que a qualidade da projeção das TVs (cada vez com mais artifícios) encontra-se muitas vezes superior a dos cinemas.
A prova que a mudança está acontecendo
Para começar, podemos citar os exemplos da Universal Pictures, com “Trolls 2” e da Warner Bros. Pictures, com “Scooby! O Filme”. Ambas tiveram sucesso ao lançar seus filmes diretamente por serviço de streaming, cobrando apenas o valor do aluguel, ou seja, ao invés de ir para um cinema, as pessoas compraram diretamente de suas casas os filmes para assistir.
A opção mais econômica teve um rendimento satisfatório, tanto para os estúdios que conseguiram boa arrecadação, quanto para o público, que da segurança de suas casas, teve acesso a lançamentos inéditos. “Trolls 2”, por exemplo, arrecadou cerca de US$ 100 milhões em valor total, e em valor líquido para o estúdio de US$77 milhões, sendo mais lucrativo que o primeiro filme, que por sua vez foi lançado nos cinemas.
O investimento dos estúdios em serviços de streaming
Dificilmente os cinemas acabarão num futuro próximo, entretanto, as exibições devem diminuir bastante. Haja vista também os investimentos dos estúdios em seus próprios serviços de streaming como Disney+, HBOMax, entre outros.
Uma sinalização dada também pela Universal Pictures demostra que investir no lançamento por plataforma online é sim um objetivo para o futuro. Prova disso, é a recente parceria fechada pela mesma com a gigante americana AMC, que reduz a exclusividade de filmes nos cinemas. Ou seja, pouco tempo após o lançamento nas telonas, os filmes já estarão disponíveis para venda online a partir de 2021.
Cines Drive-in e menos lugares nos cinemas
Já os cines drive-in são um caso a parte. Os mesmos voltaram com força nesse período de pandemia. No entanto, trazem filmes que não são lançamentos e as entradas costumam ser muito caras, um problema que já rendia duras críticas aos cinemas atuais. Outro ponto é que dependem de espaços grandes e, ainda sim, não comportam tanto público, o que deve dificultar a manutenção do formato no pós-pandemia.
Há uma outra questão fundamental que precisa ser levada em conta para os estúdios nos próximos lançamentos, que é o distanciamento social. O mesmo deve reduzir drasticamente as poltronas nos cinemas, tendo em vista que as pessoas precisarão manter distância umas das outras até que a epidemia esteja erradicada, ou as vacinas em teste se mostrem eficazes. Isso pode diminuir absurdamente as arrecadações.
Um exemplo claro de filme que também foi afetado em bilheteria pelas restrições foi “Sonic: O Filme”. Lançado recentemente na China, muito tempo após sua estreia mundial, o longa teve uma bilheteria ínfima. Nesse caso, houve também o agravante de que o longa já havia sido amplamente pirateado por já estar disponível em várias plataformas digitais.
Contudo, o problema com “Sonic: O Filme” nos cinemas, pode ser o mesmo que sofrerão os próximos lançamentos da Universal Pictures: a tendência é a queda na bilheteria quando estes já estiverem disponíveis online uma ou duas semanas após entrarem em cartaz no cinema.
As grandes redes de cinema
Há tempos grandes redes de cinema reclamam do alto custo de manutenção de suas estruturas e do baixo retorno financeiro. Isso se agravou de forma catastrófica durante a pandemia. Então, é bem provável que vejamos algumas redes falir se não inovarem.
Recentemente um vídeo se tornou viral na internet. Se tratava de um dono de um cinema na França que destruiu o cartaz de “Mulan” após a Disney anunciar que lançaria o longa diretamente pelo streaming. O mesmo chegou a se retratar da atitude falando que exagerou. Mas a demostração de fúria deixa clara a situação atual dos cinemas.
Confira o vídeo:
La réaction d’un exploitant suite à la décision de Disney… #Mulan pic.twitter.com/I2uWICofve
— Destination Ciné (@destinationcine) August 6, 2020
Mudanças ocorrerão sempre e são bem vindas
Vale ressaltar que as mudanças são inevitáveis. Claramente a pandemia acelerou a situação, mas ela iria ocorrer de uma forma ou de outra. Mas há lados positivos que devemos enxergar. Podemos começar falando da democratização do acesso aos filmes, já que a internet trouxe a um valor muito mais barato do que o de um ingresso, vários filmes, a várias pessoas que, por sua vez, poderiam não ter condições de ir aos cinemas ou comprar uma mídia física.
Outro ponto está com os produtores independentes que podem lançar suas histórias diretamente pela internet. E mesmo não indo para telonas, terão um amplo público para conhecer e divulgar o seu trabalho. Além disso, os portadores de deficiência física também se beneficiam desse formato, uma vez que, embora boa parte dos cinemas sejam acessíveis, o deslocamento até eles pode não ser.
Por fim, é certo que o novo normal para os cinemas vai beneficiar principalmente aqueles que souberem se adaptar a ele. Mas também não precisamos entrar em pânico, porque os cinemas não devem acabar de uma hora pra outra. A questão é que agora teremos mais opções de acessar a sétima arte e, esperamos que essas opções sejam cada vez mais democráticas.
Imagens: Divulgação/Universal Pictures/Walt Disney Studios
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