Algo sobreviveu, o mundo perdido existe
A primeira sequência de um livro, feita por Michael Crichton, veio através dos pedidos de Steven Spielberg e da Universal Pictures, que queriam uma continuação para a história do Parque dos Dinossauros. História essa, que, ao se após virar filme, se tornou a maior bilheteria da história dos cinemas – até aquele momento. Apesar do apelo financeiro em torno dessa nova história, Crichton não deixou se levar por isso ao escrever o novo livro. Com isso, em 1995, “O Mundo Perdido” (original, “The Lost World“), nos traria uma continuação digna, tão ou (para alguns) melhor e mais feroz que o livro original. Neste uniriam-se mais uma vez a paleontologia, personagens interessantes a um thriller de ficção cientifica, recheado de suspense e ação. E, fica aqui uma observação: é uma lastima que essa história não tenha sido reproduzida da mesma forma para os cinemas.
A história
Dito isso, vamos a resenha de “O Mundo Perdido”. Nesse livro, Crichton retorna, de forma perspicaz, o melhor personagem de “Jurassic Park”, Ian Malcolm. O retorno é inesperado, tendo em vista que o personagem é dado como morto ao final do livro anterior. Mas, a explicação para que ele esteja vivo é suficientemente satisfatória. E, diferente do que vimos no cinema, temos Dodgson explorado na nova trama. Para recordar, o personagem é o mesmo que causou todos os problemas ao subornar Dennis Nedry, para que este último roubasse embriões do Jurassic Park.
O novo enredo gira em torno da Isla Sorna, ponto no qual os cientistas criavam os dinossauros, antes de que esses chegassem a vitrine da Isla Nublar, onde serviriam de atração para os visitantes. Então somos envolvidos por um mundo perdido, onde os dinossauros vivem livres. Literalmente, não é mais um passeio no parque.
A introdução
Aqui, Crichton utiliza o mesmo método de contagem de história que utilizou em “Jurassic Park”. Uma longa introdução, que consome pelo menos as primeiras cem páginas do livro. Nela é criado um terreno fértil de desenvolvimento dos personagens e dos mistérios que rondam a Sorna. Quando em fim chegamos a ilha, temos quase todos os personagens desenvolvidos. Sarah Hadding é quem possui mais desenvolvimento após esse ponto.
Como Crichton descreve os cenários
O cenário da Isla Sorna, onde se passa a maior parte da história, é descrito minuciosamente. O livro traz um mapa para levar ao leitor uma noção de localização. São descritos as formas da ilha vulcânica, sua vegetação, os campos de caça e rios.
Outros aspectos que não fica para traz em descrição são as locações da ilha em que os personagens se abrigam, como o trailer e o ponto de observação. Também veem a tona as antigas instalações da InGEN.
Entretanto, na questão descrição, o melhor do livro é como são especificadas as características dos dinossauros. Os animais ganham detalhes que se constroem na nossa mente, desde na textura de suas peles até o hálito pútrido. São descrita cores, formas de se alimentar, e, até mesmo, táticas de caça.
A caça, por sinal ganha destaque, tendo em vista que, ao contrário do primeiro livro, aqui os dinossauros estão soltos, em um ambiente completamente selvagem. E, como o livro descreve, há um equilíbrio criado entre as espécies.
Para nos trazer mais detalhes sobre as particularidades dos hábitos do animais, os personagens possuem um observatório no alto, onde podem ver as movimentações das espécies.
Os personagens
Em “O Mundo Perdido”, o vilão acaba ficando mais claro, a partir do momento que Dodgson ganha mais destaque. E, apesar de não possuir uma ideia forte (ou inteligente) em questão do objetivo do mesmo ao ir para ilha, os contornos que a sua história ganha, compensam. Ao mesmo tempo, é aprofundado ainda mais o personagem de Malcolm, que, em suas nuances já conhecidas, continua sendo o matemático excêntrico e cheio de ironia. Vale ressaltar que neste livro Malcolm torna-se protagonista. Ele traz inúmeros debates para dentro da história. Enquanto isso, fica a cargo de Sarah Hadding a observação e descrição da vida biológica local, além das cenas de ação.
A ação e os contornos de tensão na reta final, o mundo perdido é deixado para trás
A história, por sinal, é recheada de ação em várias passagens. É provado aqui que não é legal mexer em ninhos de T-rex. E, que alguns pensamentos científicos levantados no primeiro livro, poderiam está equivocados.
Será que as visão dos tiranossauros era mesmo baseada em movimento?
Em uma perseguição a um velocirraptor com uma moto, o que parece insano torna-se surpreendente e instigante.
Porém, ainda tem mais! Imagine vários raptores escalando para te alcançar em seu abrigo no alto. Você está encurralado!
Aliais, nenhum personagem esteve a salvo desde que este pisou na Isla Sorna.
Dessa forma, criam-se muitas passagens tensas que possuem ação em “O Mundo Perdido”. Em suma, esses aspectos descritos nos últimos parágrafos são os que tornam a história ainda mais fantástica.
“Quarta configuração: ‘Próximo à beira do caos, os elementos demostram um conflito interno. Uma região instável e profundamente letal.’ Ian Malcolm”
Crichton encube a reta final do livro de trazer passagens tensas. Então cuidado com os carnotauros! Eles se camuflam. E as antigas instalações são um tanto quanto interessantes, porém perigosas! Você não sabe o que pode encontrar lá dentro.
Por fim, é preciso ressaltar, nessa resenha de “O Mundo Perdido”, que este livro acaba por ser uma continuação necessária, apesar de ser algo que Crichton poderia não ter feito, caso não tivesse pedidos. E, o que é tratado nesta obra, complementa de forma pontual o que havia sido abordado no livro anterior. Também não é exagero dizer que este livro deixa um gostinho de quero mais. Entretanto, é uma pena Crichton não já não está entre nós para trazer novos olhares sobre esse universo, por ele criado.
Imagens: Divulgação/Editora Aleph
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