Um motorista de aplicativo está apaixonado, e começa a imaginar a sua amada em todos os momentos dentro de seu carro. Ela aparece, como em um conto de fadas, na pele de mulheres de diferentes estilos, e com as quais o homem discute relacionamentos afetivos. A intérprete da tal mulher é a diva do cinema iraniano Leila Hatami (“A Separação”, 2011), que incorpora com muita competência várias personalidades durante as breves uma hora e dezoito de duração da produção iraniana.
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Essa é a história de “Imagine”, dirigido por Ali Behrad, em seu segundo longa-metragem. O filme não possui grandes ambições; é apenas uma simples história de amor não correspondido. Tudo acontece dentro do carro e durante a noite, o que proporciona um clima de melancolia constante. O protagonista também transmite a tristeza em seu olhar, ainda mais quando cada uma de suas ilusões termina, já que nesse momento ele se encontra sozinho novamente.
A sua solidão é causada pela timidez que o impede de tomar a iniciativa de declarar seu amor. Portanto, ele está em uma prisão dentro de si mesmo, ao mesmo tempo em que está em outra representa pelo carro, que o separa do mundo real e ainda o tortura com imagens de uma mulher que ele supostamente não pode ter. É, de fato, um problema que não parece ter solução.
![Imagine-3](https://woomagazine.com.br/wp-content/uploads/2022/11/Imagine-3-1024x576.jpg)
O roteiro de “Imagine” (escrito pelo próprio Behrad), contudo, não está interessado em definir uma solução. Ele pretende expor as agruras de seu protagonista sem interferir com alguma pirotecnia vinda de romances produzidos por Hollywood. Quer-se, com isso, fincar um pé na realidade, que na maior parte das vezes é cruel com os apaixonados. Claro que o pessimismo pode desagradar algum espectador mais sensível, mas é isso que dá personalidade à obra. Se o texto trouxesse algo mais subversivamente positivo, poderia prejudicar a mensagem pensada pelos realizadores.
Com isso, o longa segue seu caminho de desesperança amorosa, sem dar nenhum sinal de que algo de bom vá acontecer com seus personagens, principalmente com o pobre motorista apaixonado. Infelizmente, a arte é uma imitação do que acontece na vida cotidiana real, e na maior parte das vezes, não há final feliz para os corações que ousam se apaixonar. Trata-se, portanto, de uma triste constatação baseada na infinidade de solitários que vagam por um mundo que parece não gostar deles.
Este filme foi visto durante a 46a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
![Imagine 5](https://woomagazine.com.br/wp-content/uploads/2022/11/Imagine-5.jpg)
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