O primeiro semestre do ano já passou e parece que a Netflix ainda não consegue acertar em suas séries originais de comédia. A prova disso é que mês passado, o streaming lançou “Friends From College”, mas foi extremamente mal avaliado pela crítica. Além da péssima narrativa e total falta de bom senso, a série é uma dose exagerada de machismo que, como o próprio programa, atualmente é dispensável.
Em “Friends From College”, seis amigos se reencontram 20 anos depois de suas graduações em Harvard. Ethan Turner (Keegan-Michael Key), Lisa Turner (Cobie Smulders), Sam Delmonico (Annie Parisse), Max Adler (Fred Savage), Marianne (Jae Suh Park) e Nick (Nat Faxon). Ethan e Lisa são um casal e estão planejando ter filhos, porém ele e Sam tem um affair de um antigo caso no colegial.
Apenas três amigos ganham destaque na trama, além de possíveis ganchos que se perdem, pois tudo gira em torno desse caso entre os três protagonistas. Talvez com outro elenco e outro roteiro esse argumento poderia dar certo, mas na trama acaba por não garantir o propósito de uma série anunciada com o gênero da comédia.
Primeiramente, todas as atenções se voltaram para Cobie Smulders, que em uma entrevista disse que “Friends From College” seria uma versão mais sombria de “How I Met Your Mother”. Porém, além do desperdício do talento da atriz, as séries não chegam nem perto uma da outra. Para quem assistiu sob essa premissa, o programa é uma frustração.
A parte cômica da série não existe, já que a árdua tentativa de emplacar situações machistas para gerar humor parece não funcionar mais. Na verdade, é constrangedor, pois já se tornou óbvio que situações assim não caem mais no gosto do público. Contudo, os três roteiristas (e dois deles dirigem a série) insistem em bater nas mesmas teclas e investir em situações vergonhosas para fazer rir, entregando programas superficiais e desinteressantes.
Uma dessas situações é durante uma reunião de trabalho onde os colegas de Lisa – todos homens – estão sacaneando uma conversa telefônica. Além de xingamentos sexistas e uma tentativa forçada de fazer rir, em um momento um deles esfrega sua parte íntima no telefone. Essa cena, que não acrescentou nada para o desenvolvimento da trama, causa também um certo incômodo em quem a assiste, tornando-se como todas as outras cenas machistas da série: desnecessária.
O elenco também não parece dar o melhor de si, entregando personagens nada carismáticos, que só existem, e para nada parecem servir. O affair sobre o trio de protagonistas se dá sobre três atores que não possuem a menor química, assim como o restante do elenco, salvo os personagens de Fred Savage e Keegan-Michael Key, que realmente parecem ter uma amizade de colegial ali.
O correto talvez seria aproveitar-se da premissa do impacto do affair enquanto um deles planeja uma família. Porém, esse argumento é usado apenas como segundo plano para causar momentos dramáticos, além de deixar em aberto os personagens e suas questões pessoais. Um elenco que foi desperdiçado com um roteiro terrível não tem como ser bem-sucedido.
É triste ver a Netflix investir potencial em um argumento tão fraco e sexista, enquanto o seu concorrente “Hulu” investe na dramática “The Handmaid’s Tailer” e abre espaço para discussões feministas no audiovisual. “Friends From College” não acrescenta nada para quem a assiste como também não cumpre aquilo que foi apresentado. É trágico do começo ao fim, um verdadeiro desperdício de tempo.
A verdade é que não há motivos para “Friends From College” ser renovada, uma temporada de sexismo e falta de bom senso parece ser o suficiente para a Netflix. Cancelar é o único caminho sensato e reaver possíveis erros de elenco e roteiro pode garantir outros sucessos para o streaming.
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