“A vida é mais do que ficar em segurança…”
Reza a lenda, de algum lugar no íntimo das pessoas, que livros achados ao acaso nas estantes não são necessariamente “deixados ao acaso”. E assim como se cumpre uma profecia, o pegamos e damos uma chance à leitura que, quiçá deveria ter acontecido antes, mas que por obra e conluio do Universo, nos veio no momento exato em que deveria ter vindo.
“Caraval” é uma obra que fala sobre irmãs. Mas não só isso. Ela vai além dos laços sanguíneos. Nos toca um pouco a alma. E nos leva a entrar n’um jogo extremamente perigoso e arrebatador. E nós, pobres peças de tabuleiros, somos guiados por um guia sádico e cínico. Que usa do seu poder de sedução para conseguir exatamente o que quer. Mas espera um pouco… não somos apenas leitores? Não! Em “Caraval”, nós somos jogadores. E precisamos participar de todas as etapas desse jogo, antes que seja tarde demais.
Scarlett e Donatella são filhas do cruel Governador da Ilha Conquistada de Trisda. De personalidades completamente díspares, Scarlett, em posição de irmã mais velha, acha que seu papel no mundo é proteger Donatella de todos os males. A começar pelo seu próprio pai, que pode ser o mais perverso dos homens. Já Donatella, ou Tella como a irmã a chama; tem fogo nas ventas. Não abaixa a cabeça para os mandos e desmandos do pai e julga Scar – a mais velha – a melhor irmã do mundo, ainda que ela não saiba exatamente como “viver a vida”.
Ambas possuem o mesmo objetivo: sair de Trisda e nunca mais passar pelas humilhações e violências – físicas e psicológicas – que o pai lhes infere. No entanto, como uma e outra pretendem fazer isso, difere (e muito!) no destino final dessa viagem.
Desde de criança, Scarllet escreve cartas à Lenda. O misterioso Mestre de Caraval. Seu sonho era fazer como que Tella o conhecesse, ainda que intimamente, ela também o admirasse deveras. O fato é que o tempo foi passando, as meninas foram crescendo e as cartas nunca foram respondidas. Então, em sua última tentativa de comunicação, Scar pede que Lenda não a responda mais, já que está de casamento marcado.
Reviravoltas à parte, e não vamos falar aqui os detalhes, porque estragar surpresas e quebrar expectativas não é legal; Donatella, Scarllet e um jovem marinheiro conseguem ir parar na misteriosa ilha de Caraval. Onde um jogo promovido pelo mestre Lenda faz com que eles passem a conhecer mais a si mesmos, além, de premiar o vencedor com “um desejo realizado”. No entanto, nem tudo que parece é. E se coragem e obstinação não forem palavras de ordem, a probabilidade de saírem vivos dessa é muito pequena.
A autora Stephanie Garber acertou. Escreveu uma obra envolta em mistério, aventura, paixões adrenalina. “Caraval” não se trata apenas de ir em busca do tesouro perdido. A narrativa, se for olhada mais a fundo discute vários assuntos que podem ser tabus na nossa “pacata” vida moderna. Uma mãe que “abandona” as filhas com o pai. Um pai extremamente violento que vê as filhas como objetos. A questão da liberdade de gênero, no qual as mulheres têm essa necessidade de libertarem-se do patriarcado (…) mentiras para se “dizer” a verdade… enfim… muitos temas que extrapolam a leitura.
Além disso, a maneira como a história é narrada, estar em terceira pessoa, faz com o leitor seja também um expectador/jogador. Somos compelidos a entrar na Ilha de Caraval e seguir as cinco pistas existentes. Passamos, junto aos protagonistas, todas as mazelas – e belezas, porque não (?!) – que o jogo impõe. “Caraval” tem um que “Q” de “Jogos Vorazes”, “Jogos Mortais” e “Alice no País das Maravilhas”. E somos inseridos, sem cerimônias a cada cena desse espetáculo.
Sem spoiler, claro, a obra termina dando ponta para uma continuação. Assim sendo, fomos atrás de a quantas anda o lançamento do próximo livro. Bem, o que pudemos apurar, é que Garber já o colocou no forno. A sequência receberá o nome de “Legendary” e sairá pela editora Flatiron Books nos Estados Unidos no dia 29 de maio de 2018. No entanto, ainda não há data para sua chegada ao Brasil. Lembrando que aqui, “Caraval” foi publicado pela editora Novo Conceito.
E, “enquanto seu lobo não vem”, é válido salientar que a Twenty Century FOX comprou os direitos de adaptação da obra. Então, além da sequência, esperamos ansiosos para vê-lo também nas telinhas. O que não foi um consenso geral, e isso ainda estamos investigando é se “Caraval” será um duo, ou uma trilogia.
Ou seja… depois dessa leitura e aventura, somos só espera.
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