As homenagens no Palco Sunset vão De Cazuza a Elza Soares, passando por James Brown e a edição de 1985
O Palco Sunset não é apenas o lugar para encontros de artistas que nunca trabalharam juntos ou reencontros dos que colaboraram há algum tempo, como também é o espaço para homenagens. No último final de semana elas tiveram seu destaque na programação desse que se propõe a ser palco mais eclético do festival.
Só na sexta-feira, o quinto dia de evento, houve duas: uma para Cazuza, que liderava o Barão Vermelho quando a banda fez sua apresentação no Rock In Rio de 1985, e a outra era justamente para essa primeira edição do festival.
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Coube a Jão, artista sensação na cena nacional no momento, fazer a homenagem ao eterno exagerado, que partiu para o outro plano em 1990. O rei da “sofrência indie” usou toda a sua mise-en-scène para homenagear Cazuza, seu ídolo, com o suporte de uma orquestra de mais de 20 músicos no palco. Jão surgiu em uma plataforma suspensa no ar, coberta por um véu branco na beira do palco, abriu o show com “Exagerado”.
Os sucessos “Codinome Beija-Flor”, “O tempo não para”, “Pro dia nascer feliz” foram executados com bastante fidelidade, não faltou coragem a Jão para fazer versões de músicas tão amadas. Após “Pro Dia”, levou ao palco Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza, que, citando o próprio filho no RIR de 1985, disse:
“Que o dia nasça feliz para todo mundo, pro Brasil, pra vocês, pra rapaziada esperta”.
Apesar de ser um show tributo, o cantor não poderia deixar seus fãs passarem sem seus sucessos como “Idiota”, o maior deles, que encerrou sua apresentação, cantada a todo volume pelas “jãonetes” da plateia.
No mesmo dia e mesmo palco, houve o já batido tributo à primeira edição do Rock In Rio, que aconteceu a alguns quilômetros dali, na Cidade do Rock original, em 1985. Pena que, cada vez mais esse tributo tem ficado mais repetitivo e empalidecido.
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“1985: A homenagem”, com artistas que se apresentaram na lendária primeira edição e novos nomes da música, já que o encontro de gerações é a ordem do dia no festival. Alceu Valença lançou mão de seus clássicos como “Morena Tropicana” e “Anunciação”. Andreas Kisser do Sepultura se juntou a Evandro Mesquita e a Blitz, em uma roupagem mais pesada na música “Você não soube me amar”. Elba Ramalho recebeu Agnes Nunes em “Chão de Giz”, e o encerramento trouxe Luísa Sonza e Andreas Kisser, relembrando (a mais que relembrada) versão ao vivo de “Love of my life” do Queen, que virou uma espécie de hino do Rock In Rio.
No sábado, sob uma injusta chuva que caía na Cidade do Rock, CeeLo Green apresentava seu show em homenagem a James Brown. Com muito groove, ele trouxe os anos 70 para o Palco Sunset, abrindo com “Superbad”. Depois de uma sequência de músicas lançadas em sua carreira – “Bright Lights Bigger City”, “Sexy MF/ICU Baby”, “Got Up Offa That Thing” – começam os covers de James Brown.
Com seu vozeirão e muita “ginga” – mostrando que não é preciso estar dentro dos padrões de magreza para exibir agilidade e destreza – CeeLo interpretou standards imortalizados pelo Godfather of Soul como “The Boss”, “The Payback”, “Gonna Have a Funky Good Time”, e houve também uma participação de Luísa Sonza em “It’s a Man’s Man’s World”.
Depois do clássico “Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine”, ele deu a canja de seu dois grandes sucessos que o público tanto esperava: “Crazy”, da fase Gnarls Barkley, e “Fuck You”, fazendo a alegria dos que até então se frustravam toda vez que a introdução surgia apenas como vinheta durante a apresentação.
“I Got You (I Feel Good)” fechou a apresentação que de fato teve todo o clima do Sunset original. Música de alta qualidade e espaço para dançar (mesmo se não fosse a chuva não ficaria como no show de Avril Lavigne, por exemplo). Lucro para quem incluiu em sua programação.
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O último dia de Rock In Rio nessa edição 2022 foi batizado como O Dia Delas. Todas as atrações em todos os palcos eram mulheres. E, em falando de mulher, não poderíamos nos esquecer de Elza Soares.
A Mulher do Fim do Mundo recebeu um tributo a seu legado no domingo, no Palco Sunset, onde ela se apresentou em 2019.
O horário estava reservado para um show dela, que já tinha aceitado o convite do evento, mas com seu falecimento em janeiro aos 91 anos, a homenagem ocupou o espaço.
Para o tributo, foram convocadas Larissa Luz, Gaby Amarantos, Mart’nália, Majur, Agnes Nunes e Caio Prado. Alcione, que estava escalada, está em recuperação de uma cirurgia na coluna e cancelou a participação.
O show abriu com a participação de todas no palco em “A Carne”. Depois cada participante fez seu número. Larissa impressionou ao reproduzir a voz de Elza.
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Majur defendeu o segmento samba com “Saltei de Bamba” e “Salve a Mocidade”.
Antes da última música “Mulher do Fim do Mundo”, Gaby disse:
“Elza queria que nós, mulheres pretas, estivéssemos no topo. E a gente está no topo, porque é um legado dela”.
A apresentação se encerrou com as cantoras viradas para o telão do fundo do palco, que durante todo o show exibia imagens de Elza, e nesse momento mostrou a gravação feita dois dias antes de a lendária intérprete falecer, em que ela cantava a referida música que estava sendo cantada no palco. Pena que nesse momento tão solene o Palco Mundo já estava sendo acionado com o início do show de Ivete Sangalo, atravessando o som do Sunset, coisa recorrente durante todo o festival e que precisa ser revista para a próxima edição.
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