“Guerra dos Mundos” vem de uma premissa já, há muito tempo, requentada. Com mudanças aqui e ali, é uma história que já tinha vindo ao cinema na década de 50, tendo sido adaptação literária de um antigo livro. Sendo esse o principal histórico da obra, Spielberg lançou, em 2005, sua versão dela. É claro que, pela fama e pela qualidade que lhe são características, era inevitável que expectativas fossem criadas, ainda que não fosse uma produção inovadora. Será que filmes do diretor como “A.I – Inteligência Artificial” e “Contatos imediatos de Terceiro Grau” poderiam indicar traços do que poderia estar presente no novo “Guerra dos Mundos”?
Ainda que esses não sejam os melhores longas do cineasta, ainda assim são dotados de temáticas e de camadas autorais que são muito próprias dele, tornando-os minimamente autênticos. Aqui, parece mais um roteiro genérico que emprega um elenco contando com Tom Cruise e Dakota Fanning e que sofrem com a falta de desenvolvimento que seus personagens possuem. Se a ideia básica é que veremos um pai de família buscando fugir e proteger seus filhos de uma invasão alienígena por praticamente toda a projeção, é necessário se envolver emocionalmente com eles. Falta, talvez, um foco nas relações humanas, para além da ação, e é frustrante que alguém como Spielberg falhe nesse sentido. Aliás, quantos outros produtos da cultura pop não fazem coisas parecidas, e até bem piores, em muitos sentidos? É notável, no entanto, que Cruise consegue se sair relativamente bem no papel que entrega, como já tem atuado em filmes de ação de grande escala. Uma atuação um tanto automática, mas que possui alguns momentos de destaque.
Por outro lado, apesar de fortes decepções, há também méritos a serem elogiados. O primeiro consegue estabelecer tensão enquanto os humanos ainda não compreendem totalmente o que se passa na Terra e a invasão não se dá efetivamente, na mesma medida em que cenas mais aceleradas também recebem boa realização. A escala dos eventos e a forma com a qual eles são filmadas fogem do que habitualmente se poderia fazer. Há alguns movimentos de câmera que, sem cortes, nos mostram a geografia das sequências de forma mais orgânica, ordenada. Os efeitos especiais são bem convincentes, sobretudo se levarmos em consideração que falamos de um filme que estreou em 2005. Nada disso é espetacular, mas confere alguma solidez ao que é apresentado.
Em suma, “Guerra dos Mundos” passa longe de ser a mais marcante criação de Steven Spielberg. Acaba se enquadrando dentre aqueles seus muitos filmes recentes que é nada mais que mediano ou fraco. Por vezes, pode até ser difícil encontrar aquele clássico cineasta que tanto contribuiu para a solidificação da cultura pop dos anos 80 por exemplos como esse. De toda forma, é preciso ressaltar que há alguma intenção de inovar, por mais clichê que esse longa possa ser, já que ele não lembra muito da filmografia anterior do diretor. Sendo assim, temos um filme mediano, que não chama a atenção por nada em especial, mas que conseguiu fazer certo barulho na época de seu lançamento.
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