Stanley Kubrick é uma daquelas personalidades supremas do cinema que vira tema de livros, filmes, cursos e conversas acaloradas entre cinéfilos. Praticamente todos os anos sai algo para falar de sua vida ou de sua obra, o que faz a felicidade daqueles que amam seu cinema e a arte como um todo. Para esses, eis que a mais nova obra a falar do cineasta americano, “Kubrick por Kubrick”, – um documentário de Gregory Monro – ganha as telas.
Como o título entrega, o documentário foi todo construído a partir de trechos dos filmes de Kubrick e de áudios de uma rara conversa entre ele e o crítico francês Michel Ciment. Além disso, ainda há entrevistas com técnicos e atores que trabalharam em clássicos como “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “Laranja Mecânica”, “Dr. Fantástico”, “Barry Lyndon”, entre outros.
“Kubrick por Kubrick” é nostálgico ao trazer um apanhado de cenas dos principais filmes do mestre, e faz com que os que o louvam como uma espécie de Deus, o vejam como um mortal pelo simples fato de ouvir sua voz um pouco abafada pela velha gravação em fita cassete. As entrevistas dos atores e técnicos também são de arquivo, e servem para reforçar, da boca de quem trabalhou nos SETs, a personalidade difícil e extremamente perfeccionista de Kubrick. No entanto, nenhum deles tece críticas por causa disso. Pelo contrário, dizem que era um artista tentando fazer sempre o melhor para a sua obra.
Monro também faz de seu filme uma homenagem ao criar um cenário virtual onde estão presentes objetos e pôsteres dos filmes de Kubrick. Ele então viaja de um para o outro com uma câmera flutuante, sem muitos cortes, em uma clara homenagem à técnica steadicam, que o cineasta aperfeiçoou e empregou de forma genial em “O Iluminado”.
Tentar explicar os meandros de um dos maiores filmes da história do cinema é outra tarefa do documentário. Em um momento específico, Michel Ciment coloca tudo em palavras ao dizer que os filmes de Kubrick são para falar do caos escondido no ser humano, ou da maldade inerente a ele e à sociedade. Todas as histórias de Kubrick, Ciment diz, começam em ordem, mas vão se desorganizando com o passar do tempo e revelando as verdadeiras intenções dos personagens e da história posteriormente.
Ao final, a sensação de quem assiste é um pouco conflitante. Se por um lado o documentário desmistifica o mestre para fazer com que o espectador entenda que ele era um humano como todos os outros, por outro entrega imagens e falas tão significativas aos amantes do autor, que fica difícil não querer, depois dos créditos finais, assistir toda a obra dele novamente.
Talvez, a intenção seja reafirmar sua condição de um homem genial, mas com problemas tão banais como os de qualquer outra pessoa, para depois, logo após a sua morte, dar a ele a imortalidade representada pela imagem das estrelas do universo, que abre e fecha o filme. Kubrick agora faz parte da constelação que ilumina o olimpo cinematográfico e todos os que o louvam de dentro das salas de cinema.
Este filme faz parte da programação da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Vídeo e Imagens: Divulgação
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