Em tempos de mudanças climáticas, uma das coisas que mais assustam as pessoas é a força da natureza. Por isso, se nas telas do cinema a destruição do planeta já foi de responsabilidade de alienígenas, guerras nucleares e vírus mortais, agora é a vez dos desastres naturais tomarem a dianteira, pelo menos por hora. Sucessos como “Terremoto: A Falha de San Andreas” – que teve uma sequência anunciada – comprovam a predileção do público por esse tipo de produção. Notando isso, era de se esperar filmes-catástrofe aos montes depois do polpudo retorno financeiro do filme de Dwayne Johnson, principalmente saídos de Hollywood. Bem, para surpresa de muitos, é da Noruega que vem o mais novo exemplar desse subgênero com “Terremoto”, e não da poderosa indústria de cinema norte-americana.
No entanto, não vir de Hollywood não significa não parecer com o que sai de lá, o que transforma a obra dirigida por John Andreas Andersen em mais um produto criado para entreter de forma espetaculosa, por mais que o roteiro de John Kåre Raake e Harald Rosenløw-Eeg tente inserir momentos dramáticos em certos pontos, principalmente no primeiro ato onde o geólogo Kristian Eikjord (Kristoffer Joner) tenta superar seu transtorno pós-traumático para se reconectar aos entes queridos. A condição mental do homem é causada por um terremoto que quase o matou no passado, mas o evento não é detalhado pelo roteiro, só é esclarecido que Kristian conseguiu salvar muitas pessoas, inclusive sua família, se tornando um herói nacional.
Como um herói falho – não um super-herói ao estilo The Rock – ele cometerá alguns erros que colocarão em risco a sua vida e as vidas de sua esposa e filhos, após um monstruoso novo tremor transformar a cidade de Oslo em ruínas. O protagonista sabe que aconteceu algo parecido em 1904 devido às reportagens dos jornais da época, o que o deixa mais aterrorizado com o que está por vir (realmente houve esse terremoto, de onde veio a ideia do filme. Afinal, se aconteceu antes, vai acontecer de novo). O desenvolvimento inicial do personagem é importante para que o espectador tema por sua vida quando prédios começarem a desabar sobre sua cabeça, o problema é que o ato final conta com uma confecção de ação tão clichê que fica logo claro como será a conclusão da história (lembre-se: tudo é inspirado nos filmes-catástrofe estadunidenses).
A incapacidade da direção e do texto de serem inventivos é decepcionante. Decisões preguiçosas envolvendo vidros se quebrando e quedas de elevadores dão aquela sensação desconfortável de déjà-vu. Com isso, grande parte do impacto pretendido pelos realizadores se perde, mesmo que alguns personagens morram de forma terrível. O que sobra é apenas entretenimento descompromissado – que se aproveita de efeitos visuais excelentes, usados na medida certa, sem exageros – vindo de uma cinematografia que não está acostumada a lançar esse tipo de filme. A aparente falta de familiaridade pode ter influenciado no resultado, mas isso não significa que a tentativa de fazer algo comercial com sangue europeu seja inválida ou descartável, só é necessário um pouco mais de coragem.
Vídeo e Imagens: Divulgação/ California Filmes
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