“Trêfego e peralta. 50 textos deliciosamente incorretos”. Esse é o título do livro mais recente do jornalista, escritor e biógrafo, Ruy Castro. Com pouco mais de 300 páginas, a obra reúne vários textos escritos por Ruy, que foram veiculados ao longo de cinquenta anos de atividades jornalísticas. O volume, que está sendo considerado como o “Manual contra a obviedade”, foi publicado pela Companhia das letras.
O título surgiu da brincadeira de um amigo e define a sua trajetória como repórter. “Trêfego” significa sagaz, astuto; “peralta” é um indivíduo afetado, um “peralvilho”, como diriam nos tempos áureos cariocas. Essa é uma expressão que pode ser traduzida como o modo que a pessoa vive: Leve, tranquila, sem levar nada muito a sério. E era assim que Ruy Castro se sentia, exatamente como retratado na foto da capa, que foi tirada em Portugal, em 1974, quando tinha 33 anos.
O livro traz um conjunto de cinquenta artigos e entrevistas que foram publicados em vários veículos da imprensa brasileira desde 1977. A escritora Heloisa Seixas – e também mulher do escritor – escolheu quais seriam as publicações que fariam parte dessa coletânea. Selecionados e organizados, os textos são como uma amostra da vida de um autor que é apaixonadamente dedicado às palavras. Com certeza, é um convite imperdível a um passeio pelas produções de um dos mais renomados jornalistas e também biógrafos desse país. Assim, o leitor vai encontrar de tudo um pouco. Crônicas, críticas a feministas e a políticos, desconstrução de herois – como o escritor de “On the road”, Jack Kerouac. Ele ainda apresenta textos sobre cigarro, álcool e outras drogas ilícitas e também sobre assuntos inusitados como cocô, por exemplo. A edição é uma comemoração de meio século de vida profissional de Ruy Castro e também pode ser encarada como uma provocação ao jornalismo do nosso século, em tempos de mídias digitais.
Dentro de todo o conteúdo, algo muito importante que podemos destacar também, fica por conta das 3 entrevistas que Ruy fez. Uma delas foi com Ibrahim Sued, um dos mais famosos colunistas da história da imprensa brasileira. A outra foi com o escritor e também seu amigo, Millôr Fernandes. E ainda tem mais uma que foi feita com o médico baiano Elsimar Coutinho. No estilo ping-pong, todas as conversas são formadas por uma mistura de seriedade, mas também de informalidade, em um bate-papo muito bem-humorado. Bom humor, aliás, é uma das características mais usadas pelo autor em todos os textos. E é isso que torna a leitura bem mais prazeirosa.
Ruy Castro tem 70 anos e começou a carreira de jornalista aos dezenove, em 1967, no extinto Correio da Manhã. Sua primeira matéria assinada falava sobre os 30 anos da morte de Noel Rosa, como uma homenagem ao querido poeta. Desde então, Ruy nunca mais parou de escrever e sempre foi muito transparente, demonstrando seu grande amor pela escrita. Durante todo esse tempo trabalhou e colaborou para os principais veículos da imprensa do Rio e também de São Paulo. Ele foi autor de incontáveis reportagens, entrevistas, artigos, crônicas e perfis. Se especializou em dissecar a descrever a vida de muitas personalidades. Mineiro de Caratinga, ele é responsável pelas impecáveis biografias de Nelson Rodrigues, Carmen Miranda e Garrincha. Seus textos sempre foram marcados por seu olhar sagaz sobre todas as coisas e também por uma prosa fácil e muito cativante. E assim segue envolvendo leitores e conquistando muitos fãs por esse Brasilzão a fora.
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